RITUAIS E CAMARINHAS
Por: Brasão de
Freitas
RITUAL DA GIRA DE UMBANDA
1ª Parte (Origem e Magia)
Templo Pai Taquiri (Vivência
Bahia)
Fundamentos de origem e magia
Quando se fala em Umbanda a primeira imagem
que vem à mente é a incorporação de espíritos desencarnados. Os espíritos
desencarnados na Umbanda são espíritos como nós mesmos sem o corpo, é claro,
que se manifestam em incorporações assumindo a forma de Caboclo (o ser humano
adulto), Preto Velho (o ser humano experiente), Criança, (o início da
encarnação até a juventude), o Exu, etc. Em outras religiões são, Anjos, os
Santos (espíritos desencarnados dos católicos), os Devas, etc.
O contato com estes seres se dá através
de orações e rituais sagrados.
Gira de Umbanda é o nome dado pelos
umbandistas ao principal ritual de sua Religião.
O nome Gira surgiu do movimento que as
vibrações espirituais fazem ao serem atraídas para o Congá, local onde está o
Pejí que é o principal instrumento de atração das energias espirituais já que é
o Portal de comunicação entre o Mundo Material e o Mundo Espiritual.
As vibrações energéticas entram pelo
Pejí e se misturam com as vibrações da Corrente Mediúnica formada dentro do
Congá, girando no sentido horário até perder poder vibratório e ser atraído
pela trunqueira, num giro espiral que termina uma oitava abaixo do nível do
Congá.
Em função deste giro da vibração, o
Ritual das incorporações foi batizado de GIRA.
A Gira está para a comunidade umbandista
assim como a Missa está para os católicos, ou o Culto Ecumênico está para os
Evangélicos ou o Sema está para os mulçumanos, etc.
Este ritual foi trazido pelas próprias
Entidades Espirituais e coube aos médiuns nos terreiros de Umbanda a
organização e aprimoramento da sequência ritualística, para facilitar a
aplicação dos benefícios que são trazidos pelas Entidades para socorrer os
adeptos e frequentadores do Templo.
O procedimento organizacional e sequencial
do ritual é simples e sem complicações desnecessárias muitas vezes usadas para
impressionar os frequentadores leigos e assim, pelo medo, procurar exercer
sobre eles algum tipo de poder. Felizmente este procedimento errado e maldoso
vem sendo abolido dos Templos Umbandistas a media em que a Catequese avança em
todos os níveis de entendimento permitindo acesso irrestrito a todos os
umbandistas, médiuns ou não ao conhecimento dos mistérios, dogmas, arcanos e
clavículas que durante muito tempo procuraram esconder o conhecimento que
permite o progresso e evolução de todos os seres humanos.
Umbanda sem segredos para quem quiser
evoluir rumo à Casa do nosso Grande Pai Criador.
O local onde normalmente acontecem as
Giras é preparado dentro do Templo com muito cuidado, segurança material e
espiritual, e cercado de toda logística necessária tanto para o atendimento na
Gira como fora dela. Este local é constituído pelo Congá, que é o local onde se
manifestam as Entidades Espirituais formando um ambiente Sobrenatural onde elas
atendem aos consulentes, e a Assistência, que é o local onde ficam os
consulentes à espera do atendimento, portanto, o ambiente terreno.
O ritual consta basicamente de:
Preparação (Logística), Abertura (Início), Atendimento (Meio) e Encerramento
(Fim).
A Gira sempre foi encarada tanto no sei
da Umbanda como fora dela como um grande mistério cheio de segredos e tabus.
Aqueles que detinham o poder faziam questão de apresentar o ritual mais popular
da Umbanda como um dogma carregado de misticismo e fetichismo, o que causou
durante muito tempo o aspecto de ritual ligado às forças do mal.
Por determinação Espiritual, aos poucos
os grandes segredos da Magia das Religiões foram e continuam sendo desvendados
como forma de se atingir o progresso e a evolução. Foi então que a Magia
Ritualística começou a se transformar de vilã tenebrosa para embaixadora da
beleza e heroína da luz.
A popularização do Ritual da Gira
Em virtude dos extraordinários
resultados de benefícios alcançados, da simplicidade dos atendimentos e sendo o
grande apelo popular atendido pela facilidade do ritual, inclusive pelo
contagiante envolvimento e consequente participação do povo através de cantos e
danças populares, a Gira começou a adquirir boa fama e a ser procurada por
todas as classes sociais. A visão antiga de medo definitivamente vai ficando
para trás, para um passado cada vez mais remoto.
É salutar notar que muitas das grandes
Religiões do planeta modificam um pouco seus rituais para torná-los cada vez
mais populares através da participação alegre e vibrante dos assistentes, da
mesma forma que sempre foi a participação popular nas Giras de Umbanda.
Com a interação do povo fica mais fácil
e mais proveitoso o retorno das súplicas e pedidos ao Mundo Sobrenatural.
A Gira é um ritual mágico. Não deve por
isto ser vista com medo do desconhecido, porque a Magia é uma manifestação
Natural, ou seja, o ato mágico é simplesmente uma realização natural. Um ato da
Natureza em prol da vida. As ações que caracterizam a magia negra são apenas
atos de revolta contra a ordem universal da Natureza Mãe. Por isto a magia
negra é punida com severidade pela Ordem Divina.
Já que é assim que as coisas acontecem,
quando as pessoas percebem e sentem o momento vibratório positivo, alegre e
feliz da Gira, com ela se envolvem e interagem, conseguindo assim as vibrações
na direção certa para alcançar seus objetivos e encontrar aquilo que tanto
procuraram durante todas suas vidas.
Reencontrar-se com Deus deve ser sempre
motivo de alegria e êxtase, nos poucos instantes em que conseguimos esquecer
nossas dores, aflições, apreensões e medos ocasionados pelos difíceis caminhos
do destino que nós mesmos escolhemos com o uso de nosso livre arbítrio e nossa
inteligência. Por isto, não tenham medo de ser feliz. Entrem no “barco” da Gira
e deixe que os Espíritos Consoladores os conduzam com segurança pelo Grande Mar
Primordial para que nele vocês encontrem as suas origens primordiais e então
façam vocês mesmos seus contatos com Deus.
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