sábado, 24 de novembro de 2012

Item 3 - VIDA RELIGIOSA - 3


3 - VIDA RELIGIOSA (3 de 10)
VIDA RELIGIOSA Parte 3

RAIZES DE UM TEMPLO
BASE INICIAL RITUALÍSTICO-DISCIPLINAR
Assim como toda Organização Religiosa ou não, o Templo Popular tem sua base espiritual evolutiva apoiada na estrutura de Ritual e Disciplina do Grupo Popular da Umbanda, onde os fundamentos dos Rituais são ensinados e transmitidos em regime fechado de reclusão por meio de transmissão oral tradicional enquanto que os conhecimentos tradicionais a disciplina espiritual são explicados e ensinados através de cursos e palestras dos assuntos descritos nas Apostilas que compõem a Escritura Sagrada do Sabeísmo da Tradição dos nossos antepassados, que dão ensejo aos livros que contém as explicações filosóficas e práticas esclarecedoras que desvendam os mistérios quebrando os tabus, as clavículas e desvendando os dogmas e arcanos, permitindo desta forma o acesso ao conhecimento de todos aqueles, sacerdotes ou não, que queiram evoluir na busca de suas origens primordiais.
Para o Templo Popular, os assuntos contidos nos Livros Sagrados formam a Estrutura mínima necessária para o bom desempenho da atividade sacerdotal nos padrões de qualidade que o Templo deseja dar a todos aqueles que o procuram. O aprendizado desta Estrutura Religiosa é conhecido no Templo por Vida Religiosa na Umbanda.
Os Livros Sagrados são aqueles que constam dos arquivos do Templo e que são fruto da busca constante do desenvolvimento e evolução do Corpo Mediúnico do Templo.
Na filosofia do Templo Popular, os mistérios existem para serem desvendados, e é obrigação de todos buscarem as descobertas destes segredos. A frase “ainda não chegou a hora” foi substituída pela frase “quem sabe faz a hora e não espera acontecer”.

NASCIMENTO DE UM TEMPLO
O Templo é fundado por um Sacerdote ou Sacerdotisa numa determinada data que passa a funcionar como um calendário espiritual, onde o dia, mês e ano formam uma numerologia sagrada que influenciará a vida de todos os umbandistas que do Templo vierem a fazer parte, dando início ao grande projeto espiritual determinado pela Entidade Chefe, do fundador ou fundadora do Templo, que certamente se transformará mais tarde num verdadeiro celeiro de médiuns umbandistas de altíssima qualidade e ao mesmo tempo gerando sementes de novos Templos ampliando assim os horizontes do projeto inicial. Os conhecimentos adquiridos e vivenciados servirão de base e herança para seus filhos, amigos e frequentadores deste lócus de paz e progresso.
Bem-aventurados aqueles que abdicam de muitas coisas na vida material, para enfrentar a dureza da “briga” contra o desconhecido mundo das trevas em prol de uma chance para os perdidos e sofredores reencontrarem seus caminhos de volta.
Na vida, nada acontece por acaso. Tudo é pensado e criado no dia-a-dia do Universo. Nossos desatinos são criados por nós mesmos nas decisões diárias que tomamos ao escolher nossos caminhos. Ninguém escolhe os nossos caminhos por nós. Só nós é que escolhemos que caminho queremos seguir. Desta forma, os indissabores, desenganos, desatinos, dores, desilusões e retornos indesejáveis encontrados ao logo do caminho são frutos de nossa própria escolha.
Fundar um Templo é a mesma coisa que criar um Cosmos. É pegar um espaço profano, portanto caótico, e transformá-lo num campo sagrado onde se criam os Portais de ligação entre o profano e o sobrenatural sagrado. Na fundação, o Templo nasce. Ao nascer ele se torna uma encarnação no mundo material ordenado, pois ele se transforma em entidade e em Centro de Forças. Portanto o Templo é uma Entidade não como um Espírito mas sim como um Conjunto Organizado de Força e Poder onde se manifestam os Espíritos.
Os seres humanos encarnam e desencarnam para reencarnar de novo neste nosso Universo Astral. Em virtude da reencarnação, o ato de nascer assume papel de extrema importância na ritualística umbandista. Nascer pré-supõe uma morte anterior que deu condições para o renascimento. Morrer para renascer de novo é um ato de oportunidade de progresso e evolução. Cada nascimento pressupõe um estado evolutivo alcançado anteriormente com oportunidade de nova evolução na nova vivência encarnatória. Em resumo, nascer é duplamente importante. É importante pela oportunidade maravilhosa de viver e pela ainda mais maravilhosa oportunidade de alcançar a vida eterna existente no Grande Mar Primordial.
Todos nós possuímos duas faces opostas (o bem e o mal). Conhecê-las bem é o dever de todos nós. Sabemos, portanto, o quanto isto é difícil. Imaginem agora encontrar o ponto de equilíbrio entre estas duas forças com relação a um Templo que é um Cosmos de muitas pessoas. È preciso ter mente e corpo preparados para não se abater no primeiro desequilíbrio que acontecer entre as duas forças, pois milhares e milhares de outros desequilíbrios acontecerão ao longo da existência do Templo.
Ser sacerdote é ter merecimento para conhecer e aprender a usar a “mônada”, a “pedra filosofal”, a “onda modulada” que domina o Universo, pois estabelece o limite, a fronteira entre a Luz e as Trevas.
Nascer é ressurgir das profundezas do Grande Caos Primordial para o útero onde está a vida latente que existe no Grande Mar Primordial. Por isto, toda criação é bela. Criar é fazer existir, fazer existir é fazer nascer.
O dia em que o Templo nasceu, com ele nasceram as esperanças de tantos espíritos que nele embarcaram como se ele fosse um barco seguro preparado para navegar pelos mares desconhecidos e perigosos da vida, rumo à tranquilidade e serenidade do Mar Primordial, porque o seu comandante e criador era nada mais nada menos do que um guerreiro, como o Orixá Ogun, o grande defensor da Justiça e da Sabedoria dirigidas pelo Orixá Xangô, e da força protetora do Orixá Oxossi na luta pela sobrevivência dos fracos e oprimidos. E para garantir o renascimento emocional dos filhos que procurassem o Templo em busca de socorro, o fundador foi buscar a paciência e a pureza de intenções do Orixá Yorimá (Obaluaê), a alegria e o amor do Orixá Yori (Ibeji); e para navegar pelo Grande Mar Primordial do universo, foi buscar o poder gerador e regenerador da grande mãe do universo que é o Orixá Yemanjá, para só então entregar seu destino e o de seus seguidores às bênçãos do Orixá Oxalá. Para os espíritos de Liz que irão trabalhar no Templo, o fundador é respeitado como um ser espiritual encarnado forte e corajoso como uma guerreira inabalável, mas caridoso e amoroso como um pai ou uma mãe disposto a sacrificar sua própria vida pelo bem estar e pelo reencontro dos irmãos encarnados com o caminho da Casa do Pai. É assim que nasce um Templo. Graças à coragem, a fraternidade e o desejo de servir em nome de Deus.
Como dizem os Yorubás no Sétimo Sacramento da Umbanda e nos Versos Sagrados dos Esè Itan-Ifá: AIYÊ ATI IKU, OKAN NAA NI. (Vida e morte, ambas são iguais).
Continua (4 de 10).

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