3 - VIDA RELIGIOSA (3 de 10)
VIDA
RELIGIOSA Parte 3
RAIZES DE UM
TEMPLO
BASE INICIAL RITUALÍSTICO-DISCIPLINAR
Assim
como toda Organização Religiosa ou não, o Templo Popular tem sua base
espiritual evolutiva apoiada na estrutura de Ritual e Disciplina do Grupo
Popular da Umbanda, onde os fundamentos dos Rituais são ensinados e
transmitidos em regime fechado de reclusão por meio de transmissão oral
tradicional enquanto que os conhecimentos tradicionais a disciplina espiritual
são explicados e ensinados através de cursos e palestras dos assuntos descritos
nas Apostilas que compõem a Escritura Sagrada do Sabeísmo da Tradição dos
nossos antepassados, que dão ensejo aos livros que contém as explicações filosóficas
e práticas esclarecedoras que desvendam os mistérios quebrando os tabus, as
clavículas e desvendando os dogmas e arcanos, permitindo desta forma o acesso
ao conhecimento de todos aqueles, sacerdotes ou não, que queiram evoluir na
busca de suas origens primordiais.
Para o
Templo Popular, os assuntos contidos nos Livros Sagrados formam a Estrutura
mínima necessária para o bom desempenho da atividade sacerdotal nos padrões de
qualidade que o Templo deseja dar a todos aqueles que o procuram. O aprendizado
desta Estrutura Religiosa é conhecido no Templo por Vida Religiosa na Umbanda.
Os Livros
Sagrados são aqueles que constam dos arquivos do Templo e que são fruto da
busca constante do desenvolvimento e evolução do Corpo Mediúnico do Templo.
Na
filosofia do Templo Popular, os mistérios existem para serem desvendados, e é
obrigação de todos buscarem as descobertas destes segredos. A frase “ainda não
chegou a hora” foi substituída pela frase “quem sabe faz a hora e não espera
acontecer”.
NASCIMENTO DE UM TEMPLO
O Templo
é fundado por um Sacerdote ou Sacerdotisa numa determinada data que passa a
funcionar como um calendário espiritual, onde o dia, mês e ano formam uma
numerologia sagrada que influenciará a vida de todos os umbandistas que do
Templo vierem a fazer parte, dando início ao grande projeto espiritual
determinado pela Entidade Chefe, do fundador ou fundadora do Templo, que
certamente se transformará mais tarde num verdadeiro celeiro de médiuns
umbandistas de altíssima qualidade e ao mesmo tempo gerando sementes de novos
Templos ampliando assim os horizontes do projeto inicial. Os conhecimentos
adquiridos e vivenciados servirão de base e herança para seus filhos, amigos e frequentadores
deste lócus de paz e progresso.
Bem-aventurados
aqueles que abdicam de muitas coisas na vida material, para enfrentar a dureza
da “briga” contra o desconhecido mundo das trevas em prol de uma chance para os
perdidos e sofredores reencontrarem seus caminhos de volta.
Na vida,
nada acontece por acaso. Tudo é pensado e criado no dia-a-dia do Universo.
Nossos desatinos são criados por nós mesmos nas decisões diárias que tomamos ao
escolher nossos caminhos. Ninguém escolhe os nossos caminhos por nós. Só nós é
que escolhemos que caminho queremos seguir. Desta forma, os indissabores,
desenganos, desatinos, dores, desilusões e retornos indesejáveis encontrados ao
logo do caminho são frutos de nossa própria escolha.
Fundar um
Templo é a mesma coisa que criar um Cosmos. É pegar um espaço profano, portanto
caótico, e transformá-lo num campo sagrado onde se criam os Portais de ligação
entre o profano e o sobrenatural sagrado. Na fundação, o Templo nasce. Ao
nascer ele se torna uma encarnação no mundo material ordenado, pois ele se
transforma em entidade e em Centro de Forças. Portanto o Templo é uma Entidade
não como um Espírito mas sim como um Conjunto Organizado de Força e Poder onde
se manifestam os Espíritos.
Os seres
humanos encarnam e desencarnam para reencarnar de novo neste nosso Universo
Astral. Em virtude da reencarnação, o ato de nascer assume papel de extrema
importância na ritualística umbandista. Nascer pré-supõe uma morte anterior que
deu condições para o renascimento. Morrer para renascer de novo é um ato de
oportunidade de progresso e evolução. Cada nascimento pressupõe um estado
evolutivo alcançado anteriormente com oportunidade de nova evolução na nova
vivência encarnatória. Em resumo, nascer é duplamente importante. É importante
pela oportunidade maravilhosa de viver e pela ainda mais maravilhosa
oportunidade de alcançar a vida eterna existente no Grande Mar Primordial.
Todos nós
possuímos duas faces opostas (o bem e o mal). Conhecê-las bem é o dever de
todos nós. Sabemos, portanto, o quanto isto é difícil. Imaginem agora encontrar
o ponto de equilíbrio entre estas duas forças com relação a um Templo que é um
Cosmos de muitas pessoas. È preciso ter mente e corpo preparados para não se
abater no primeiro desequilíbrio que acontecer entre as duas forças, pois
milhares e milhares de outros desequilíbrios acontecerão ao longo da existência
do Templo.
Ser
sacerdote é ter merecimento para conhecer e aprender a usar a “mônada”, a
“pedra filosofal”, a “onda modulada” que domina o Universo, pois estabelece o
limite, a fronteira entre a Luz e as Trevas.
Nascer é
ressurgir das profundezas do Grande Caos Primordial para o útero onde está a
vida latente que existe no Grande Mar Primordial. Por isto, toda criação é
bela. Criar é fazer existir, fazer existir é fazer nascer.
O dia em
que o Templo nasceu, com ele nasceram as esperanças de tantos espíritos que
nele embarcaram como se ele fosse um barco seguro preparado para navegar pelos
mares desconhecidos e perigosos da vida, rumo à tranquilidade e serenidade do
Mar Primordial, porque o seu comandante e criador era nada mais nada menos do
que um guerreiro, como o Orixá Ogun, o grande defensor da Justiça e da
Sabedoria dirigidas pelo Orixá Xangô, e da força protetora do Orixá Oxossi na
luta pela sobrevivência dos fracos e oprimidos. E para garantir o renascimento
emocional dos filhos que procurassem o Templo em busca de socorro, o fundador
foi buscar a paciência e a pureza de intenções do Orixá Yorimá (Obaluaê), a
alegria e o amor do Orixá Yori (Ibeji); e para navegar pelo Grande Mar
Primordial do universo, foi buscar o poder gerador e regenerador da grande mãe
do universo que é o Orixá Yemanjá, para só então entregar seu destino e o de
seus seguidores às bênçãos do Orixá Oxalá. Para os espíritos de Liz que irão
trabalhar no Templo, o fundador é respeitado como um ser espiritual encarnado forte
e corajoso como uma guerreira inabalável, mas caridoso e amoroso como um pai ou
uma mãe disposto a sacrificar sua própria vida pelo bem estar e pelo reencontro
dos irmãos encarnados com o caminho da Casa do Pai. É assim que nasce um
Templo. Graças à coragem, a fraternidade e o desejo de servir em nome de Deus.
Como
dizem os Yorubás no Sétimo Sacramento da Umbanda e nos Versos Sagrados dos Esè
Itan-Ifá: AIYÊ ATI IKU, OKAN NAA NI. (Vida e morte, ambas são iguais).
Continua (4 de 10).
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