QUIMBANDA
(EXU/POMBAGIRA)
(AXIRÔS/ELEBARAS)
Por: Brasão de
Freitas
Parte
3 – O PODER DO PRETO E DO VERMELHO
O Filho Pródigo bi partido ao
cair nas Trevas
O
PODER DO PRETO E DO VERMELHO
O fundamento
primordial da Criação do Universo é que, no Primeiro Instante da Criação,
Olorun criou a LUZ as TREVAS e o ESPAÇO VAZIO. O Espaço Vazio e Neutro era
extremamente fundamental para que pudessem existir ou se manifestarem tanto a
Luz como as Trevas. A LUZ era formada pelos Espíritos, seres que Deus criava à
Sua Imagem e Semelhança e que eram a Sua grande paixão pois a eles deu o
direito de uso do maior poder que Ele mesmo possui: CRIAR A VIDA, outro ser
cheio de vida, como Ele nos criou (Todos nós temos a capacidade de gerar filhos
vivos). As TREVAS foram criadas para servirem de pano de fundo para que a Luz
pudesse ser vista, se manifestasse. E assim foram criadas as cores Branca e
Preta.
Entretanto,
quando se está na escuridão, a Luz Forte cega. Nossos olhos só conseguem ver
inicialmente a refração Vermelha da Luz, pois é a que possui o maior
comprimento de onda vibratória, Depois a vista vai se acostumando com as outras
refrações (amarelo, azul, verde, laranja, lilás ou roxo e todas as refrações juntas
geram o branco). Isto significa que a tonalidade ou cor vermelha na escuridão
significa Luz. Desta forma, de maneira bem simplista, vermelho é Luz e preto é
Trevas.
Por viver nas
Trevas, Elebara foi consagrado como o portador das forças do Vermelho e do
Preto, do sangue que leva à morte e da escuridão que conduz ao terror e à
loucura. Por isso seu culto mostra-se rico em sacrifícios animais, com o
envolvimento do sangue misturado ao misticismo das trevas que dominam as forças
desconhecidas, tornando possível a manifestação da potência em ato, fazendo do
Elebara o senhor dos limites, e seu momento mais próprio a fronteira entre o
dia e a noite, ou seja, a meia-noite.
Segundo a
Ciência, a cor PRETA na
realidade não é bem uma cor, mas sim a AUSÊNCIA de cor ou de LUZ. De forma
quase metafísica o significado da cor preta a coloca com a aparência tenebrosa
da grande boca de um monstro que engole tudo, pois a cor preta, como o monstro,
absorve todas as cores e não reflete nenhuma delas, por isto tudo parece escuro,
tudo desaparece. Da mesma forma agem os Buracos Negros nos confins do Cosmos,
engolindo todas as estrelas e corpos que passam pela sua área de atração
gravitacional.
Mas a cor PRETA envolta no mistério do
desconhecido (aquilo que não se vê é mistério, portanto a escuridão é mistério)
na verdade é escura porque não reflete as cores que absorveu e que, portanto
estão teoricamente dentro dela. Por isto é complicado dizer que não existe luz
na escuridão. Por isto ela tem uma conotação metafísica.
Para nós, seres
humanos, a cor Preta lembra muito as TREVAS
a quem nós damos, na maioria das vezes, o sentido espiritual de o lócus do MAL,
considerado com algo que não nos faz bem, principalmente porque não podemos
ver, o que provoca em nós o sentimento do medo, do pavor.
Mas, ao
compreendermos o real significado místico de ambas as cores, nos enchemos de
sabedoria e podemos então vencer o medo.
Gostaríamos
de conjectuar nesse momento que, se formos absorvidos pela cor negra, é bem
possível, que ao ultrapassá-la encontremos novamente a Luz, já que ambas, Luz e
Trevas, foram criadas por Deus, opostas em vibração mas iguais em poder, que só
é inferior ao próprio poder de Deus.
Elebaras
Depois
daquilo que foi dito anteriormente, podemos dizer sem causar nenhum espanto ou
surpresa, que os Elebaras são reflexos invertidos dos Orixás Kármicos. Elebara
significa literalmente Senhor do Corpo. Como entende-se por senhor um Ente
Inteligente (espírito), então o Elebara é um reflexo materializado do Orixá
Ancestral, por isso assumido por um Espírito que esteja vivendo nas trevas (Ex.
Tranca Ruas).
Sabemos
que, pela Criação, de um lado Deus colocou a Luz (à direita) e de outro colocou
as Trevas (à esquerda). Na fronteira entre as duas surgiu o Universo Astral.
Entretanto, por se tratarem de vibrações, ambas se encontram numa fronteira
fictícia e se interpenetram formando duas regiões de “Penumbras”: a penumbra da
luz nas trevas (quando a luz penetra nas trevas até perder completamente seu
poder vibratório), e a penumbra das trevas na luz (quando as trevas penetram na
luz até perder completamente seu poder vibratório). Esta região de fronteira
formada pelas duas regiões de penumbras é o Universo Astral onde habitam os
“Espíritos caídos”, uns menos atingidos pela massa caótica ficam do lado da
penumbra mais próxima da Luz (ou penumbra das Trevas na Luz), que são os Guias,
e Protetores; outros mais atingidos pela massa caótica que ficam do lado da
penumbra mais próxima das Trevas (ou penumbra da Luz nas Trevas) que são os
Exus e Pombagiras.
Na
Hierarquia Cósmica, todos os espíritos “caídos” passam pelas regiões de
“Penumbra”, de um lado ou de outro, entretanto, por serem Espíritos e
pertencerem energeticamente e vibratoriamente ao lado da Luz, para lá terão que
voltar atraídos pela força da própria Luz. TODOS VOLTARÃO UM DIA. Uns mais cedo
outros mais tarde, mas todos voltarão para que o Universo retome novamente seu
equilíbrio primordial.
Portanto
cuidado no seu tratamento para com os Elebaras. Com toda certeza, antes de sua
atual evolução, você já foi um deles...
Portanto
fica claro que o mundo dos Elebaras é um mundo que serve para o nosso processo
kármico de redenção.
Eles
só existem porque nós existimos. Assim, suas existências estão estritamente
ligadas à nossa evolução final.
Como diz o OGBE MEJI: “Orunmilá
diz que as coisas devem ser feitas pouco a pouco: Eu digo; é pedaço por pedaço
que se come a cabeça do preá; é pedaço por pedaço que se come a cabeça do
peixe.”
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