sábado, 2 de fevereiro de 2013

Item 5 – ASSUNTOS DIVERSOS – Odudua


ODUDUA, A QUADRATURA DA TERRA
Por Brasão de Freitas
Salve 02 de Fevereiro
Odudua
(Adapt. Ilustr. G. Reis)

A Cabala umbandista se baseia em cinco sinais geométricos básicos. Estes cinco sinais básicos são: o PONTO como unidade geométrica associado ao Número 1. A LINHA delimitada precisa de no mínimo dois pontos que, unidos lhe dão origem, e por esta razão, fica associada ao Número 2. O ÂNGULO, delineado por três pontos não co-lineares, é associado ao Número 3. O QUADRADO é delineado pela união de dois ângulos ou 4 pontos, dois a dois não co-lineares, ou seja, duas linhas não coincidentes mas paralelas; ele está pois relacionado com o Número 4.
Estes 4 sinais são relacionados com os 4 Pilares do conhecimento humano, com os 4 elementos da natureza (Fogo, Terra, Água e Ar), com os 4 pontos cardeais da Terra, com o Tetragrama Sagrado dos Cristãos (A Cruz) e o Tetragrama de Moises (Iod, Hê, Vô, Hê).
A Terra não é quadrada mas é formada por 4 Elementos radicais da Natureza que a representam como um quadrado, símbolo fechado em relação ao infinito, ou por uma cruz que é um símbolo aberto em relação ao infinito. Os quatro valores numéricos somados entre si, formam uma síntese: 1+2+3+4 = 10. O número 10 representa o máximo da década. O 10 encera em si todos os outros números e representa o CIRCULO que encerra geometricamente em si, os quatro sinais geométricos e os quatro números associados aos sinais que deram origem à síntese, isto é, 4 números somados dão origem ao dez, símbolo do Círculo: ou, a Quadratura do Círculo.

Segundo o Mito Yorubá, Olorun o Deus Supremo, criou Obatalá (O Criador), Olokun (O Mar) Odudua (A Terra) e Orumilá (O Tempo). Deu a Obatalá a sacola com o pó mágico da Criação e incumbi-o de Criar o Mundo. Obatalá (Também chamado de Orixalá) adormeceu (Distraiu-se) e Odudua aproveitou a distração, pegou a sacola da criação e começou a criar o mundo. Quando Orixalá acordou enfureceu-se contra Odudua mas Olorun o conteve e ordenou que ele criasse o ser humano e o colocasse no mundo para dominar o universo criado. Com a ajuda de Olokun (o Mar) e Orumilá (o Tempo), o Universo foi organizado e a saga dos seres humanos começou no universo. Desde então, Odudua tornou-se a genitora da Terra e Obatalá o gerador dos Espíritos. A união se daria no Mar (De Olokun que criou Yemanjá para que fosse o útero da criação) sob os auspícios do Tempo (Orumilá que criou Obá para controlar o tempo co-eterno, ordenado).
Nesta Criação conjunta, Odudua é a Igbamole Iyangba, a Mãe que recebe, que representa o coletivo das Iya-mi ou Mães Ancestrais e Yemanjá o Poder Genitor feminino que tudo gesta. Mas foi Odudua que foi associada à metade inferior da Igbá-Odú (mãe dos elementos materiais), portanto à cor Preta (Símbolo da matéria indiferenciada) e à Terra, a Água, o Fogo e o Ar (Símbolos da matéria diferenciada), enquanto Yemanjá foi associada ao surgimento do ser humano.
O Céu (De Orixalá) e a Terra (De Odudua) representam, juntos, a manifestação da vida no Universo Astral.
Por isso, Odudua representa a Mãe Terra em oposição ao Céu, que é domínio de Oxalá.
Em alguns Candomblés e na Umbanda, Odudua é parte integrante da dualidade masculino/feminino original que estabeleceu a Terra.
Ainda segundo os Candomblés, é do eterno contato entre Oxalá e Odudua que surge o seu produto genérico: o axé universal ou a constante força de renovação e manutenção da vida.
Fica definitivamente esclarecido que, nos cultos africanos, Oxalá e Odudua estão diretamente ligados à criação: Oxalá o céu (espírito) e Odudua a terra (o mundo no qual viverão os espíritos).
Enquanto Oxalá criou o céu, isto é, deu forma ao espírito, Odudua criou a terra, preparada para receber o espírito.
A Terra (Domínio de Odudua), no sentido místico da Criação, representa o Mundo Material, sede dos espíritos “caídos”. (Entenda-se aqui como espíritos caídos, todos aqueles que descerem ao mundo da Forma, inclusive nós), enquanto o Céu representa a estabilidade da matéria-prima do Universo Criado; a Terra é o eterno poder dos sentidos que transmitem através do psiquismo as informações do meio ambiente afim de que o espírito tome ciência e interaja com o meio ambiente.
Enquanto Oxalá é o Senhor do sol, sem ser o Sol, Odudua é a Senhora da terra, sem ser a Terra. Ambos são Senhores da Criação, um dependendo do outro.
A Terra é, pois a ordenação do mundo material e suas leis regulativas.
A Terra é constituída dos reinos inferiores da Natureza (mineral, vegetal, animal) atuando harmonicamente com os quatro elementos (fogo, terra, água, ar), que formam a estrutura de tudo o que existe no Universo (A terra simboliza o universo).
Odudua é o Poder contido nas coisas do Universo Material. É o sentido passivo do Poder Espiritual; os limites do universo individual e total.
Para o Grupo Popular, Odudua representa o Princípio Revelado ou mundo exterior. Assim como Oxalá é a Formação no Princípio Criador, Odudua é a Produção, o universo ou mundo sensível, onde nos movemos, nascemos e morremos. A este mundo pertence nosso corpo com a vida celular. É o mundo da matéria densa, da matéria-prima diferenciada.
Odudua é mãe da terra, é mãe do ar, é mãe do fogo, é mãe do mar, é mãe dos filhos aqui da Terra, é Luz que brilha em todos os Congás.

CRÉDITO Figura de Odudua: Adaptação à Ilustração belíssima de G. Reis, capa da revista Destino. A Ilustração original mostra uma figura emblemática que aparentemente recebe influxos vibratórios do Zodíaco (Cosmos). Esta retratação é tudo o que os Yorubás atribuem como poder ao Orixá Odudua. Daí a nossa escolha para a adaptação (Foi colocada imagem da Terra sobre um escudo originalmente sustentado pela figura imponente da mulher que mais parece uma deusa do Olimpo. Fizemos a adaptação pela dificuldade que tivemos para encontrar imagens de Odudua, já que este Orixá quase não é cultuado e já está no esquecimento, embora seja de uma importância capital para os umbandistas.), já que não encontramos imagens significativas suficientes deste Orixá aparentemente esquecido.


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