QUIMBANDA (EXU/POMBAGIRA)
(AXIRÔS/ELEBARAS)
Por: Brasão de Freitas
Parte
10 – O ARQUETIPO DE EXU
ELEBARA VISTO PELO CANDOMBLÉ
Exu, figura emblemática da Noite
(exuepombagiranaumbanda.blogspot.com)
O
ARQUETIPO DE EXU NO CANDOMBLÉ
Na
África Exu é uma divindade. É um Imolê ou Imolê Exu. Nestas condições, Exu é
considerado como o Senhor do Axé, e o mensageiro entre Orumilá e as demais
divindades.
No
Candomblé brasileiro, sofreu algumas alterações. Ora é considerado divindade
ora é considerado entidade (Egum). Como os Cultos de Nação não cultuam os eguns
senão para despacha-los, o Exu por eles considerado é o de aspecto divindade.
Nos Candomblés, é comum a manifestação do Exu-Entidade em rituais próprios nos
terreiros.
Sua
função mítica é a de Mensageiro dos Orixás, ou seja, aquele que faz a
comunicação entre os seres humanos e os Orixás, e não apenas entre Orumilá e os
Orixás, como nos Cultos de Nação Africanos.
Assim,
Exu pode traduzir a linguagem dos homens e a linguagem dos Orixás, fazendo com
que se entendam. Ele seria uma entidade-limite entre o astral e o mundo
material.
São
entidades extremamente poderosas, pois, como entidade-limite são os únicos que
podem efetivamente assegurar em uma dimensão o que está acontecendo na outra
(Aiyê ou Orum), e abre os caminhos para que os Orixás possam dirigir-se aos
locais das oferendas a eles oferecidos ou aos rituais onde são chamados a
incorporação.
Mas
Exu tanto pode ligar como desligar, separar e confundir. É, portanto o que
possibilita a criação e a destruição.
Dentre
os Orixás. , é sempre o primeiro a ser citado, e o primeiro a ser lembrado no
terreiro a quem se pede agô (licença) para que todas as oferendas aos Orixás
sejam aceitas.
Cada
Orixás tem seus próprios Exus, que funcionam como seus servos, possibilitando o
contato entre as diversas divindades. Para Oxalá, os sete: 7 Encruzilhadas, 7
Capas, 7 Porteiras, etc. Para Xangô e Yansan: Exu Ventania. Para Oxossi: Exu
Marabô. Para Ibejis: Exu Tiriri. Para Ogum: Tranca Ruas. Para Omulu e Obaluaê:
Exu Caveira, Exu 7 Catacumbas, etc. Para Yemanjá: Pomba Gira, Exu da
Meia-Noite, Exu Trunqueira, etc. Para Oxum: Exu Cheiroso, Exu Brasa, etc. Para
Nanã: Exu do Lodo. Para Ossãe: Exu da Mata, Barabô, Toquinho, etc. Para
Oxumarê: Pomba-Gira.
Nos
Candomblés onde não se incorporam Entidade-Eguns, Exu recebe seu Padé, e para
qualquer obrigação Exu terá sua parte. Já nos Candomblés onde existe a
incorporação de Entidades, Exu incorpora assumindo característica de
personalidade exuberante, vaidoso, amante de riquezas, vícios, festas,
tumultos, e não se preocupam com os fatores de ordem moral.
LENDAS DE EXU
Nos
livros dos Orixás vimos algumas lendas sobre a atuação de Exu. Vimos a lenda
onde Exu ajuda Oxum em sua maternidade, quando perturbou Oxalá quando este se
dirigia a casa de Xangô, etc.
Mas
tem uma lenda que conta que certa vez, dois amigos de infância que jamais
haviam discutido, se esqueceram de fazer, numa segunda-feira, as devidas
oferendas a Exu, e foram trabalhar no campo, cada um em sua roça. As terras
eram vizinhas e separadas apenas por um canteiro estreito. Exu ficou zangado e
resolveu preparar-lhes um golpe a sua maneira: colocou sobre a cabeça um boné
pontudo, que era branco do lado direito e vermelho do lado esquerdo. Seguiu
caminho pelo estreito canteiro e quando passou pelos dois, um de cada lado,
cumprimentou-os educadamente. “Bom trabalho, meus amigos”. E eles educadamente
responderam: “Bom passeio, nobre estrangeiro”. Assim que ele se afastou, o
homem que trabalha no campo da direita falou: Quem pode ser este personagem de
boné branco? Seu chapéu era vermelho, respondeu o outro da esquerda. “Não, ele
era branco", sustentou o outro, ao que o da esquerda retrucou; “Ele era
vermelho e bem escarlate”.
Está-me
chamando de mentiroso? Falou o da direita, ao que o outro respondeu: está me
chamando de cego?
E
então começaram a discutir acaloradamente até chegarem à via de fatos.
Exu
ria a vontade e sentiu-se vingado. (Lenda colhida por Pierre Verger).
DADOS RITUALISTICOS
Filiação: Oxalá e Yemanjá
Cores: Vermelho e Preto
Saudação: Laroiê Exu!
Comida (Padé): Farinha de mesa
com azeite de dendê, farinha d’água com marafo, farofa de mel.
Sacrifícios: Frango preto, galinha de
angola, boi, bode, sempre de cor preta.
Guias: Miçangas vermelhas e pretas.
Apetrechos e Armas: Tridente,
punhais, facas e como fetiche um tronco.
Toque de Atabaques: Bravum
Veste Ritualística: Capas em vermelho
e preto e as vezes usam coroa
Dia da semana: 2ª Feira. Entretanto,
a maioria das obrigações são feitas na 6ª Feira após as 23:00 horas nas
encruzilhadas. Desta forma, popularmente a 6ª Feira é o dia da vibração de Exu.
Paó: Não tem.
ERVAS SAGRADAS
Guiné,
Espada de Ogum, Mamona, Arruda, Bananeira, Vassoura-Preta.
Como diz o OGBE MEJI: “Orunmilá diz que
as coisas devem ser feitas pouco a pouco: Eu digo; é pedaço por pedaço que se
come a cabeça do preá; é pedaço por pedaço que se come a cabeça do peixe.”
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