sábado, 24 de maio de 2014

Item 10 – OS ELEBARAS NA UMBANDA (Parte 10)

QUIMBANDA (EXU/POMBAGIRA)
(AXIRÔS/ELEBARAS)
Por: Brasão de Freitas
Parte 10 – O ARQUETIPO DE EXU

ELEBARA VISTO PELO CANDOMBLÉ
Exu, figura emblemática da Noite
(exuepombagiranaumbanda.blogspot.com)

O ARQUETIPO DE EXU NO CANDOMBLÉ
Na África Exu é uma divindade. É um Imolê ou Imolê Exu. Nestas condições, Exu é considerado como o Senhor do Axé, e o mensageiro entre Orumilá e as demais divindades.
No Candomblé brasileiro, sofreu algumas alterações. Ora é considerado divindade ora é considerado entidade (Egum). Como os Cultos de Nação não cultuam os eguns senão para despacha-los, o Exu por eles considerado é o de aspecto divindade. Nos Candomblés, é comum a manifestação do Exu-Entidade em rituais próprios nos terreiros.
Sua função mítica é a de Mensageiro dos Orixás, ou seja, aquele que faz a comunicação entre os seres humanos e os Orixás, e não apenas entre Orumilá e os Orixás, como nos Cultos de Nação Africanos.
Assim, Exu pode traduzir a linguagem dos homens e a linguagem dos Orixás, fazendo com que se entendam. Ele seria uma entidade-limite entre o astral e o mundo material.
São entidades extremamente poderosas, pois, como entidade-limite são os únicos que podem efetivamente assegurar em uma dimensão o que está acontecendo na outra (Aiyê ou Orum), e abre os caminhos para que os Orixás possam dirigir-se aos locais das oferendas a eles oferecidos ou aos rituais onde são chamados a incorporação.
Mas Exu tanto pode ligar como desligar, separar e confundir. É, portanto o que possibilita a criação e a destruição.
Dentre os Orixás. , é sempre o primeiro a ser citado, e o primeiro a ser lembrado no terreiro a quem se pede agô (licença) para que todas as oferendas aos Orixás sejam aceitas.
Cada Orixás tem seus próprios Exus, que funcionam como seus servos, possibilitando o contato entre as diversas divindades. Para Oxalá, os sete: 7 Encruzilhadas, 7 Capas, 7 Porteiras, etc. Para Xangô e Yansan: Exu Ventania. Para Oxossi: Exu Marabô. Para Ibejis: Exu Tiriri. Para Ogum: Tranca Ruas. Para Omulu e Obaluaê: Exu Caveira, Exu 7 Catacumbas, etc. Para Yemanjá: Pomba Gira, Exu da Meia-Noite, Exu Trunqueira, etc. Para Oxum: Exu Cheiroso, Exu Brasa, etc. Para Nanã: Exu do Lodo. Para Ossãe: Exu da Mata, Barabô, Toquinho, etc. Para Oxumarê: Pomba-Gira.
Nos Candomblés onde não se incorporam Entidade-Eguns, Exu recebe seu Padé, e para qualquer obrigação Exu terá sua parte. Já nos Candomblés onde existe a incorporação de Entidades, Exu incorpora assumindo característica de personalidade exuberante, vaidoso, amante de riquezas, vícios, festas, tumultos, e não se preocupam com os fatores de ordem moral.

LENDAS DE EXU
Nos livros dos Orixás vimos algumas lendas sobre a atuação de Exu. Vimos a lenda onde Exu ajuda Oxum em sua maternidade, quando perturbou Oxalá quando este se dirigia a casa de Xangô, etc.
Mas tem uma lenda que conta que certa vez, dois amigos de infância que jamais haviam discutido, se esqueceram de fazer, numa segunda-feira, as devidas oferendas a Exu, e foram trabalhar no campo, cada um em sua roça. As terras eram vizinhas e separadas apenas por um canteiro estreito. Exu ficou zangado e resolveu preparar-lhes um golpe a sua maneira: colocou sobre a cabeça um boné pontudo, que era branco do lado direito e vermelho do lado esquerdo. Seguiu caminho pelo estreito canteiro e quando passou pelos dois, um de cada lado, cumprimentou-os educadamente. “Bom trabalho, meus amigos”. E eles educadamente responderam: “Bom passeio, nobre estrangeiro”. Assim que ele se afastou, o homem que trabalha no campo da direita falou: Quem pode ser este personagem de boné branco? Seu chapéu era vermelho, respondeu o outro da esquerda. “Não, ele era branco", sustentou o outro, ao que o da esquerda retrucou; “Ele era vermelho e bem escarlate”.
Está-me chamando de mentiroso? Falou o da direita, ao que o outro respondeu: está me chamando de cego?
E então começaram a discutir acaloradamente até chegarem à via de fatos.
Exu ria a vontade e sentiu-se vingado. (Lenda colhida por Pierre Verger).

DADOS RITUALISTICOS
          Filiação: Oxalá e Yemanjá
          Cores: Vermelho e Preto
          Saudação: Laroiê Exu!
          Comida (Padé): Farinha de mesa com azeite de dendê, farinha d’água com marafo, farofa de mel.
          Sacrifícios: Frango preto, galinha de angola, boi, bode, sempre de cor preta.
          Guias: Miçangas vermelhas e pretas.
          Apetrechos e Armas: Tridente, punhais, facas e como fetiche um tronco.
          Toque de Atabaques: Bravum
          Veste Ritualística: Capas em vermelho e preto e as vezes usam coroa
          Dia da semana: 2ª Feira. Entretanto, a maioria das obrigações são feitas na 6ª Feira após as 23:00 horas nas encruzilhadas. Desta forma, popularmente a 6ª Feira é o dia da vibração de Exu.
          Paó: Não tem.

ERVAS SAGRADAS
Guiné, Espada de Ogum, Mamona, Arruda, Bananeira, Vassoura-Preta.

Como diz o OGBE MEJI: “Orunmilá diz que as coisas devem ser feitas pouco a pouco: Eu digo; é pedaço por pedaço que se come a cabeça do preá; é pedaço por pedaço que se come a cabeça do peixe.”



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