ITEM
9 – A GENESE UMBANDISTA – Capítulo III
A GÊNESE (UNIVERSO – As 3 Realidades
Extrínsecas) Parte 2
Por Brasão de
Freitas
As três
realidades extrínsecas
Olorun criou Três Realidades Extrínsecas: a Luz, as
Trevas e o Vazio Neutro (o Espaço). Na fronteira entre Luz e Trevas, a Luz
penetrou nas Trevas e as Trevas na Luz, formando então duas regiões de Penumbra:
Luz nas Trevas e Trevas na Luz.
(Cont.)
Não temos a
menor pretensão de codificar a Gênese. A demonstração da transformação da
Vibração em massa de força só é possível com o auxílio das demais Ciências
Causa, todas oriundas da Gênese. Em primeiro lugar, vamos recorrer à Lógica, a
Razão e a Inteligência, que consideramos fundamentos básicos da Criação.
A Lógica diz
que, com base na hereditariedade, um ser só pode existir quando gerado por
outro. É como a Matemática (Magia) que afirma e demonstra que depois do número
um vem o número dois e assim sucessivamente, isto é, o número dois não existe
se não existir o número um.
A Inteligência
nos diz que para algo existir, ter vida, é preciso que exista movimento. Ora, o
movimento é o resultado do deslocamento de qualquer coisa entre dois pontos,
num determinado tempo. Isto quer dizer que é preciso existir pelo menos dois
pontos para que exista movimento além do tempo, é claro. Assim, é lógico, o
movimento entre dois pontos gera um terceiro elemento (a perpetuidade, a
continuidade).
A Razão nos diz
que, para ter continuidade, o terceiro gerado tem que possuir a “herança
genética” dos dois que o geraram, é lógico.
É desta forma
que se manifesta a existência perpétua. O dois vem do um e o três vem da soma
dos dois anteriores.
Pela Lógica, nos
diz a Filosofia e o Entendimento: “eu penso, logo existo”. E diz a Razão:
então, se eu existo, eu sou o que sou, por isto eu tive um início. A
Inteligência nos diz que para haver (um) início, é preciso que, em primeiro
lugar, tenha existido Um ou Algo que seja anterior a Tudo, e Dele tenha nascido
o Tudo e o Nada, tanto Relativos como Latentes e Potenciais.
A base
fundamental da Gênese foi o primeiro instante ou primeiro “dia” ou primeira
manifestação fenomênica, descrita nos Livros Sagrados. Segundo a Bíblia (dos
cristãos), “No princípio, criou Deus a Coletividade das Divinas Potências, a
Essência do Céu e da Terra (Céu significa a estabilidade da matéria prima.
Terra é o eterno propósito do movimento)”.
“Mas a Terra não
existia ainda senão em contingência e potência; a escuridão (vida latente)
encobria a face do Infinito (o Vazio Neutro), e o Espírito de Deus (as Divinas
Potências, a Luz) vibrava sobre as águas (a Substância Etérica), isto é, sobre
a matéria prima homogênea (indiferenciada)”.
“E disse Deus:
Haverá Luz (espiritual), e houve a Luz (Criação). E considerando Deus esta
Essência Luminosa como boa, determinou um meio de separação (o Vazio Neutro)
entre a Luz (Inteligência) e as Trevas (a vida latente)”. (Texto do livro Cabala,
de F.V. Lorenz, da Editora Pensamento. Os textos e explicações entre parênteses
é de nossa autoria).
No Movimento
Umbandista não existe (pelo menos nós não conhecemos) uma visão única da
Gênese. Talvez em razão da grande miscigenação de raças e culturas existentes
no meio Umbandista, o certo é que a Gênese Yorubá vinda dos Cultos de Nação
Africanos e herdada pelo Candomblé é a mais conhecida no âmbito interno dos
terreiros pelos umbandistas que, entretanto, preferem raciocinar com a Gênese
cristã.
Os dois grandes
grupos umbandistas (Popular e Iniciático) têm visões aparentemente diferentes
sobre a Gênese, mas que, segundo a visão deste autor, na verdade é apenas uma
questão de interpretação de informações. No livro A Protosíntese Cósmica de F.
Rivas Neto (Quero deixar claro que o autor Mestre Rivas não nos passou nenhuma
procuração para explicar suas obras, muito menos em se tratando de obra
mediúnica, ditada por um espírito de Altíssima Luz. A explicação que se segue é
o entendimento muito pessoal, que este autor tem sobre o assunto em pauta),
Mestre Rivas explica, no Capítulo II de seu livro “A Protosíntese Cósmica”, que
nós, Seres Espirituais, somos e Incriados. Assim está escrito no livro: “Somos
Incriados, pois não fomos Criados,” e explica: “Somos Incriados, pois somos da
Mesma Natureza Vibratória da Divindade, sem sermos a própria Divindade, e muito
menos centelha ou fagulha Dela.”
Segundo a nossa
visão, a lógica nos faz concordar que, se o Ser Espiritual é considerado Eterno
e, portanto Incriado, é porque nós Seres Espirituais temos a origem de nossa
Natureza Vibratória Pura da mesma Natureza Vibratória da Divindade, que é
Eterna, então a nossa Natureza Vibratória também é Incriada (a Natureza
Vibratória dos Espíritos, não os Espíritos) ou Eterna. Mas, como fala no texto,
Mestre Rivas afirma que “nossa origem” (portanto temos uma Origem, e se temos
uma origem é porque não somos eternos) é do conhecimento único da Divindade. E
que por isto somos “co-eternos” com a Divindade Suprema. Ora, o fato de algo ou
alguém ser eterno significaria não ter princípio e nem fim (não é o nosso
caso). Co-eterno significa que teve começo, mas não tem fim (este é o nosso
caso). Isto significa que nós, Espíritos Puros, somos Co-eternos, mas só a
nossa Natureza Vibratória é Incriada (Percepção, Inteligência, Consciência,
Sabedoria, Amor Razão). Talvez por isto costuma-se dizer que somos eternos,
assim como a substância etérica.
Portanto, mais
uma vez a lógica nos esclarece, na luz da razão, que somente a Divindade é
anterior a Tudo. Então, nós tivemos uma “origem” (cuja razão só a Divindade
conhece). Repetindo, nossa Natureza Vibratória é Incriada, e nós, Puros
Espíritos, somos Co-eternos, tal qual nos revelam outros Livros Sagrados que
versam sobre a Criação ou Gênese.
A Divindade
Suprema criou o Princípio Espiritual Uno, a Coletividade das Divinas Potências
(Os Sete Orixás Virginais) com todos os Espíritos Puros, o Vazio Neutro e a
Substância Etérica Indiferenciada (o Caos), e foram os Sete Orixás Virginais
por ordem de Olorum que idearam e criaram o Universo Astral também com suas
três Realidades (a Penumbra da Luz nas Trevas, a Penumbra das Trevas na Luz e o
Cosmos Material onde nós – espíritos encarnados – habitamos). Como vemos, não
foi a Divindade Suprema que nos criou diretamente como Espíritos Encarnados.
Foram os Sete Orixás da Coroa Divina ou Coletividade das Divinas Potências.
Então, para concluir, entendemos quando Mestre Rivas nos diz que “não fomos
criados por Deus, como se o Supremo Ser fosse criar algo imperfeito”. Nós.
Seres encarnados é que somos imperfeitos (O corpo físico é perfeito e o
espírito também é perfeito, mas a mistura espírito mais corpo é
imperfeita e por isto se desfaz ou morre) e buscamos a Perfeição. Como
Espíritos somos Puros, pois fomos criados diretamente por Deus. (Quando os
livros sagrados dizem que Deus criou o homem do barro da terra e sobre o boneco
soprou seu hálito, o “deus” a que eles se referem que fez o homem do barro da
terra certamente é o mesmo que na Umbanda é considerado como ORIXALÁ, que é o
Puro Espírito das 3 Realidades Extrínsecas do Primeiro Instante da Criação e
que representa a Coroa Divina ou os 7 Orixás: Oxalá, Ogun, Oxossi, Xangô,
Yorimá, Yori e Yemanjá. Orixalá é o “sopro” de Olorum. Segundo o nosso
entendimento, Orixalá é a soma dos 7 Orixás da Coroa Divina, da mesma forma que
o branco que o represente é a somatória de todas as cores. Orixalá é OXY, tal
como no Hinduismo Brahman é Brahma, Vishnu e Shiva juntos). E foi desta forma
que o “sopro” (Espíritos Puros) foram parar no barro ou na matéria pela ação
dos Orixás.