sábado, 29 de março de 2014

Item 10 – OS ELEBARAS NA UMBANDA (Parte 8)

QUIMBANDA (EXU/POMBAGIRA)
(AXIRÔS/ELEBARAS)
Por: Brasão de Freitas
Parte 8 – O SENHOR DA AXÉ


EXU / POMBA-GIRA
Elebara 
(Nelson B. Faedrich)

PERFIL GERAL DE ELEBARA – O SENHOR DO AXÉ
Olorun, a Divindade Suprema, Incriador e Criador, vivia em seu Lócus Sagrado que está situado acima do ápice do poder espiritual, ou seja, Além, do Orum, onde apenas Ele tem acesso.
Primeiramente Olorun manifestou os planos vibratórios de sua criação, assim ordenado:

          1 - Orum ou Mundo Sobrenatural. O Céu dos Céus.
          2 - Aiyê ou Mundo Natural. O Céu da Terra.
          3 - Odé Aiyê ou Lugar das divindades na terra quando vieram reger a criação.
          4 – Ilú Aiyê ou Terra da Vida ou ainda Mundo da Terra
          5 – Ilê D’Okutá ou Mundo das Trevas

Nestes planos existiam os seres com as seguintes denominações:

          1 - Ará ou Corpo, conforme as suas qualidades
          2 - Ará Orum ou Corpos do Além ou Sobrenatural
               a ) Imolê / Divindades associadas ao Cosmo e a Natureza Terrestre
               b ) Onilê / Senhores da Terra ou Ancestrais (que são os seres mais evoluídos da Encarnação).
          3 - Ará Aiyê ou Corpos da Vida.
          4 – Eguns ou espíritos desencarnados

Olorun, que vivia em seu Lócus, distante dos Imolê/Divindades (Orixás), deu ação, em sua criação, a três grandes poderes que seriam a base de toda a Sua Criação:

O IWA, que era o Poder da Existência
O ÂBÁ, que era o Poder da Essência que dá propósito ou ação ao Axé.
O ÂXÉ, que era o Poder de Realização e Restituição que dinamiza a (IWA) Existência (ABA) Natural.
Então estes três Poderes foram assim dinamizados por Olorun:
Olorun colocou à sua direita Oxalá, o Poder Gerador Masculino expressado pela qualidade do FUNFUN/Branco. Este era IWA ou o Poder da Existência.
À sua esquerda Olorun colocou Odudua, O Poder Gestante Feminino que era ABA, o Poder da Essência expresso pela qualidade do PUPO/Vermelho que era a segunda qualidade de Poder.
Em terceiro lugar Olorun plasmou da EERUPE/Lama (mistura de água e terra) criando o Ará-Aiyê e nele soprou seu próprio hálito (ar + fogo) gerando o Imolê-Exu-Agba, a Divindade da dinamização, da transformação e da realização, ou o Axé, expresso pela qualidade do DUDU/Preto.
Como Axé é o Poder da Existência dinamizado, ele tem as qualidades do Poder Gerador, Branco, do Poder Gestante, Vermelho, e do Poder Dinamizador, Preto.
Existe, portanto o Imolê Exu, que é o PODER, e também existe o Exu, que é Entidade do Universo Material ou O que está “embaixo” do Natural.
O Imolê Exu (Divindade Exu) possui 16 atributos ou qualidade de seu Poder: (Dados colhidos no Livro Ifá o Orixá do Destino, de autoria de Ivan H. Costa).

          1 - Exu Yangui: O Exu da Laterita Vermelho
          2 - Exu Âgba: O Exu Ancestral
          3 - Exu Igba Ketá: O Exu da Terceira Cabeça
          4 - Exu Ôkôtô: O Exu do Caracol
          5 - Exu Oba Baba Exu: O Rei e Pai de todos os Exus
          6 - Exu Odara: O Senhor da Felicidade (Das magias positivas)
          7 - Exu Osijê: O Mensageiro Divino
          8 - Exu Elerú: O Senhor do Carrego ritual
          9 - Exu Enú Gbarijo: O Boca Coletiva dos Orixás
         10-Exu Elegbara: O Senhor do Poder Mágico
         11-Exu Bara: O Senhor do Corpo
         12-Exu Lonan: O Senhor dos Caminhos
         13 Exu Olobé: O Senhor da Faca
         14-Exu Elebó: O Senhor das Oferendas
         15-Exu Alafiá: O Senhor da Satisfação Pessoal
         16-Exu Odusu: O Vigia do Destino (Odu)

Como diz o OGBE MEJI: “Orunmilá diz que as coisas devem ser feitas pouco a pouco: Eu digo; é pedaço por pedaço que se come a cabeça do preá; é pedaço por pedaço que se come a cabeça do peixe.”


sábado, 22 de março de 2014

Item 4 – ORIXÁS: XANGÔ 1

ORIXÁS II
PERFIL DE XANGÔ 1

VISÃO DO CANDOMBLÉ (Síntese)

(Marcos Vinicius Uchoa)

O ARQUÉTIPO DE XANGÔ VISTO PELO CANDOMBLÉ
Xangô, um Orixá de origem Nagô, mitologicamente considerado o Rei da cidade de Oyó, é a manifestação da Justiça da Força e do Poder.
O arquétipo associado a Xangô, segundo o Candomblé, é o daquele que tem o poder, exerce-o inflexivelmente, não admitindo dúvidas em relação ao seu direito de possuí-lo, e que julga a todos segundo um conceito estrito e sólido de bem e de mal.
Tem a sua representação no fogo celeste, no trovão, no raio e nas pedreiras. É por isto, considerado misticamente o Orixá do raio e do trovão, sendo o raio uma das suas armas.
Associado, portanto à natureza através da firmeza da rocha, dura e estável, e por isso seu axé está concentrado nas formações cristalinas das pedras.
Xangô tem como símbolo o machado de duas lâminas, conhecido como Oxé e que, como emblema que representa o fogo, pode situá-lo como símbolo de vida e criação. O fogo transforma tudo; derrete a pedra, transmuta os alimentos, domina a natureza, assusta os animais, rasga a noite (M. Augras).
Segundo o Candomblé, Xangô tem uma incompatibilidade total com a morte. Esta incompatibilidade é tão grande que ele se retira da cabeça de suas sacerdotisas quando as mesmas agonizam. Talvez seja por isso que os filhos do Orixá jamais entram em cemitérios ou assistem a enterros. Talvez porque o frio da morte é totalmente incompatível com o calor do fogo.

DADOS RITUALÍSTICOS
          Filiação: Oraniã e Yemanjá
          Cor: Vermelho e branco e também castanho e branco.
          Número: 8 e 9
          Metal: Cobre
          Elemento: Fogo
          Domínio: Pedra, raio e trovão, Justiça.
          Comidas: Rabada; amalá; peixe temperado com camarão seco, cebolinha e mel de abelha; feijão preto com farofa e arroz; acarajés compridos.
          Sacrifícios: Boi, bode, carneiro, cágado, galo vermelho.
          Colares: Missangas brancas leitosas e vermelhas ou missangas castanhas e brancas.
          Apetrechos: Machado alado com corisco (machado duplo com asas).
          Assentamento: Otá de pedra negra recolhida em rios e cachoeiras ou pedra de raio.
          Toque de atabaque: Alujá, barravento.
          Dia consagrado: Quarta-feira
          Saudação: Kaô cabecile (Kawó-Kabyensilé!).
          Paó: 3 batidas de palmas horizontais da esquerda para a direita,repetidas 2 vezes,seguidas de uma batida acima e outra abaixo, mais 3 batidas de reverência e o adobalé.
          Veste Ritual: Saiote de pano vermelho e branco, braceletes de tiras de couro incrustadas de coroas de cobre. Na cabeça coroa de latão e cobre incrustada de pedras. Na mão, um cetro de latão em forma de duplo machado, com um símbolo do fogo celeste.

OBSERVAÇÃO:
As fotos e figuras usadas neste blog foram copiadas da Web e dado o devido crédito a quem as postou ou ao autor da foto ou obra. Pedimos desculpas aos autores que não conseguimos identificar. Caso os autores desejem ser indicados, teremos a honra de citá-los neste blog, desde que nos comuniquem e comprovem (A comprovação se faz necessária para a devida proteção do verdadeiro autor). Desde já meus agradecimentos e Axé de Zambi para todos nós.


sábado, 15 de março de 2014

Item 7 – OS RITUAIS NA UMBANDA – 10 – Bori de Caboclo

RITUAL E CAMARINHAS
Por: Brasão de Freitas

RITUAL DE BORI DE CABOCLO


(tupinambabeiramar.blogspot.com)

O Borí de Caboclo
O Bori de Caboclo é um dos momentos máximos dos rituais de Umbanda porque se trata do assentamento daquele que é responsável pela vida espiritual do ser humano. O Padrinho. Muitas pessoas inclusive sacerdotes umbandistas chegam a afirmar que este é o maior assentamento da Umbanda, mas acreditamos que é por muito entusiasmo e amor pelas Entidades que dirigem a Umbanda. Mas, ao se analisar com mais calma, verificamos que nada pode ser maior do que o Assentamento do Pai e da Mãe espirituais (Orixás), origem de todos os espíritos encarnados e desencarnados.
Segundo a mística umbandista, a Vibração original deste ritual vem do Par Vibratório Oxossi/Ossãe, de um ponto cósmico chamado Arerê, sobre a proteção de um Arcanjo chamado Ismael, que confirma o poder espiritual do padrinho espiritual e também do material na ausência dos pais materiais.
O Fundamento Místico desta camarinha e deste ritual é a valorização do momento em que o Padrinho espiritual que se tornará, a partir deste ato sacramental, o responsável pela vida espiritual do filho de fé, orientando-o e guiando-o pelo difícil caminho da evolução que o espírito encarnado terá que enfrentar no aprendizado e vivência da presente encarnação. É o Conselho, a vida comunitária, o aprender a ouvir a opinião dos outros sem ter que impor a sua, aprender a ponderar, a acreditar que a união faz a força e assim cada um poderá ajudar o outro em situações difíceis. Assim surge a força da sobrevivência tanto material como espiritual, do trabalho para atingir o progresso, e através do progresso chegar até Deus. É neste instante que se desenvolve o conhecimento do bem e do mal, onde o Padrinho ilumina seu afilhado para que este enxergue o caminho do bem, e todos os buracos e espinhos que terá que superar para atingir seus objetivos.

O Ritual (Síntese)
A Cerimônia básica desta Camarinha consiste em: Preparação que envolve desde o assentamento do Templo, a limpeza material e espiritual do Templo, escolha de sambas e demais ajudantes, organização e conferência de todos os materiais ritualísticos, chegada e apresentação dos Iaôs, integração do barco: Abertura, início com harmonização com a Banda da Esquerda (Gira e oferendas); a Realização Cerimonial, que constitui a desvirada de Banda, assepsia, renascimento e Eledá, as rezas e pontos sonoros, preparação dos materiais das oferendas, cânticos e xirês; submissão, entrega das oferendas; confirmação dos Guias nas oferendas; Confirmação da Camarinha pelo Guia Chefe do Templo; Encerramento, Muzenza.
Doar-se, uma prova de amor incondicional em todas as Camarinhas. Esta é uma parte que se repete em todas as Camarinhas mas pouco é vista e poço reconhecida. Por isso a estamos ressaltando como parte integrante do Ritual. Mas, dentro dos fundamentos da Umbanda, no capítulo amor fraterno, onde está a diferença entre Sambas, Cambonos, auxiliares e Iaôs?
No simbolismo cristão, os Padrinhos e Madrinhas são todas as pessoas que ajudam  na execução do Ritual ou seja, Sambas, Cambonos, alimentos, vigilância, decoração, corrente unida e também os Padrinhos e Madrinhas escolhidos pelos médiuns. TODO esse grupo representam os “Empregados” da Casa do Grande Pai que ao verem o Filho Pródigo ferido, cansado, sofrendo e tentando voltar à Casa do Pai correm para socorrê-lo e ir em busca do Pai avisá-lo de que seu filho perdido está tentando voltar. Cada Camarinha, cada ritual, estes abnegados se juntam para ajudar. Jamais poderão ser esquecidos por quem deles precisou um dia. Quem sabe um dia você também venha ter o merecimento de ser um deles.
Significado dos materiais usados na Camarinha: A Toalha Branca é o alá, que é o símbolo da proteção da corôa (cabeça) e do altar que ela representa para o espiritual e para o ser humano. A Vela, o Círio, a Luz, a evolução representada pela chama que aponta sempre para o alto em direção ao céu. É o fogo sagrado, regenerador e sutilizador. A Quartinha representa o corpo material do médium, e tem a finalidade de guardar em seu bojo (do mesmo modo como o corpo humano guarda os órgãos vitais e o sangue) os axés sagrados (eró). A Pedra é o receptáculo do axé, da força, da energia espiritual. A pedra tem o poder de atrair as vibrações externas vindas do Cosmo, principalmente aquelas energias com as quais tem afinidades astrológicas e atômicas. As pedras servem pois de fixadores dos axés. A Água Doce simboliza o amor fraternal e o amor imaterial, que harmonizam e adoçam a vida, representando o líquido mais precioso desta vida que é o sangue humano. A Reza é o contato com o Poder de Deus. É o principal instrumento da magia, pois qualquer ato mágico depende fundamentalmente das rezas ou do contato entre a mente e o Poder Onipresente de Deus. O Fundamento do Borí só é dado ao médium durante o recolhimento em Roncó (eró). O Colar é o símbolo do Poder, da Hierarquia, da obediência.

sábado, 8 de março de 2014

Item (9) A Genese Umbandista (Cont. item 1)

ITEM 9 – A GENESE UMBANDISTA – Capítulo II
A UMBANDA
Por Brasão de Freitas


Gira no campo sagrado
A UMBANDA

A evolução é um caminho constante e infinito. A cada verdade nova que descobrimos ou aprendemos hoje, uma nova e mais evoluída verdade surgirá amanhã.
Assim é que, na Umbanda, aprendemos a viver em harmonia com a Natureza, tentando cada vez mais compreendê-la melhor.
Em sintonia com o mundo espiritual, o umbandista vai procurando desvendar os mistérios da Natureza afim de que este aprendizado eleve seu espírito e alcance a chamada “Vida Eterna”.
À medida que o ser espiritual vai adquirindo novos conhecimentos no eterno caminho evolutivo, mais vai se aproximando de suas origens espirituais.
Dentro da Religião Umbandista, o adepto ou o médium vai aprendendo os rituais desde os mais densos até os mais sutis procurando aproximar-se da sutileza que é o espírito.
A Natureza não dá saltos. Assim, aquele que procura desvendar seus mistérios também não poderá dar saltos. Terá que aprender mistério por mistério, ponto por ponto. Isto só será possível através da prática e vivência constante dos acontecimentos da vida.
Como não poderia deixar de ser, por viver num mundo extremamente denso, o ser encarnado vai aprendendo, vivenciando e sentindo toda a força da magia da vida partindo das coisas mais densas do planeta em que vivemos.
Uma flor tem assim como as demais coisas da Natureza o seu poder vibratório que, manuseado através da magia ritualística pode se transformar em benefício do ser humano. O Operador pode ver e conhecer bem a flor. Pode ver sua beleza e sentir o seu perfume. A flor com sua beleza é densa. Já a essência da flor é energia sutil. O Operador, no seu ato ritualístico pode usar a flor, suas folhas, seu caule, ou pode simplesmente utilizar a essência desta flor em seus atos mágicos. Como o espírito é sutil, a essência terá mais afinidade vibratória com o espírito enquanto que a flor, suas folhas e caule têm mais afinidade com o corpo que envolve o espírito. O que se busca no ato mágico utilizando a flor, é atrair o poder da beleza (energias positivas) para aliviar a dor da feiúra (forças negativas), que em outras palavras significa levantar o estado de ânimo da pessoa que estiver deprimida.
Como é fácil de observar, a Umbanda é uma Religião que está diretamente ligada ao estado mental do ser humano, ao seu grau de consciência. Partindo deste ponto, podemos afirmar que existem diversas correntes dentro da Umbanda que se formam de acordo com seus graus de consciência. Também o grau de entendimento das pessoas influencia estas correntes. Dependendo da criação religiosa da pessoa ela adotará dentro da Umbanda rituais condizentes com seus costumes e entendimento. Assim surgiram diversas correntes ou grupos dentro da Umbanda. Mas, apesar de tantas correntes ou grupos a Umbanda continua uma só.
Observamos que no final do século XX, as diversas correntes ritualísticas dentro da Umbanda foram se agrupando em torno de duas grandes correntes identificadas como Exotéricas ou populares que representam cerca de 90% dos umbandistas e Esotéricas ou internas ou ainda Iniciáticas que representam os outro 10%.
A corrente popular, ou seja, aquela que lida com a grande massa, tem seus rituais baseados no trabalho das Entidades, não tem uma visão definida quanto ao surgimento da Umbanda como Religião, isto é, suas tradições, costumes e cultura. A grande maioria não sabe exatamente como a Umbanda começou. Aceita a versão de que a Umbanda nasceu dos cultos afro, trazidos pelos escravos para o Brasil. Esquecem, talvez, que os verdadeiros Cultos de Nação não cultuam os espíritos dos seres desencarnados a quem chamam de Eguns.
Talvez esta versão (a Umbanda ter nascido dos cultos afro) seja a mais popular ou aceita nos meios populares da Umbanda em virtude da nomenclatura utilizada que é a mesma do Candomblé misturada com nomenclaturas regionais e até de outras religiões tradicionais do Oriente e da Europa, inclusive o Kardecismo. Além disto, os rituais utilizando tambores, os Borís ou Assentamento de Orixás, as oferendas e despachos e os próprios Orixás, envolvem também rituais ameríndios. Entretanto, tudo isto faz com que a Umbanda assuma características regionais de culto e tradição.
Queremos aqui lembrar que os rituais dos Cultos de Nação, como o próprio nome lembra, possuem diferenças de nação para nação em diversos aspectos das tradições e costumes destas nações.
Assim é que as cores variam, os próprios nomes das divindades variam e até mesmo os aspectos ritualísticos também variam.
A Umbanda, à primeira vista, possui em seus rituais e fundamentos, aspectos de diversas outras religiões mesmo as não espíritas, tais como a Católica, o Hinduismo, o Budismo e tantas outras.
Entendemos que a Umbanda, como Religião, tem rituais muito próprios, de tradição indiscutível e de fundamentos universais. A medida que o tempo passa, seus rituais vão tomando aspectos bem característicos e bastante diferenciados das demais religiões, inclusive dos Cultos de Nação, do Candomblé e do Kardecismo.
A Umbanda não tem um fundador conhecido dado que sua origem se confunde com o aparecimento da primeira Raça Raiz no Planeta Terra, nem um Livro Sagrado que represente seus fundamentos, sua história e suas tradições. Diante da história mais recente surge o nome de uma Entidade espiritual que pronunciou o nome Umbanda pela primeira vez na atualidade: foi o Caboclo Sr. Sete Encruzilhadas incorporado no médium Zélio de Morais no final do século IXX (Este conceito surgiu no seio do grupo iniciático).
A prática da caridade e a evolução são a base fundamental da Religião.
Nas diversas correntes ou grupos da Umbanda, cada dia surge uma nova verdade, sempre mais evoluída do que a anterior. Assim vão sendo desvendados os mistérios da vida e da morte e do kárma constituído. A evolução é, portanto a maior graça que o ser pode alcançar, e é sua obrigação primeira dentro da Religião.

sábado, 1 de março de 2014

Item 10 – OS ELEBARAS NA UMBANDA (Parte 7)

QUIMBANDA (EXU/POMBAGIRA)
(AXIRÔS/ELEBARAS)
Por: Brasão de Freitas
Parte 7 – O PODER DA SUBSTÂNCIA ETÉRICA

EXU / POMBA-GIRA

EXU / POMBA-GIRA
O PODER DA SUBSTÂNCIA ETÉRICA
Num determinado instante da eternidade houve um abalo no Reino dos Espíritos provocado pela insubmissão do “mais belo de todos os anjos”, que fez com que os Espíritos Superiores ordenassem aos Espíritos de hierarquia inferiores as suas, que fizessem a primeira transformação do PODER ESPIRITUAL para que este se consubstanciasse na SUBSTÂNCIA ETÉRICA. Esta, diferenciada, pela transformação, originou a ANTIMATÉRIA num primeiro momento e depois a MATÉRIA-ENERGIA.
Mas o que é poder e de quem é esse poder? O poder é a causa que dá ação ao movimento.
O Poder Espiritual é o Poder dos Orixás ou Poder Volitivo que são os atributos ou poder vibratório que formam ciclos e ritmos (movimento/tempo). Estes ciclos e estes ritmos formam condições de repulsão e de atração para a formação da energia-massa.
A substância Etérica é caótica, indiferenciada. A Matéria-Energia é diferenciada através de ciclos e ritmos que a ordenam.
O Poder Espiritualizante está presente na Energia, dando-lhe vida, movimento, som, número, cor, etc.
Com o abalo, a substância Etérica foi interpenetrada pelo Ser Espiritual, através do Orixá Telúrico. Esta substância diferenciou-se em Energia Astral e esta manifestou-se em Força (os 4 elementos básicos) nos seus vários graus de densidade, até manifestar-se na energia densa (Energia Coagulada).
A Energia Espiritual, que tem “Poder Espiritual”, é setenária e cada uma delas se expressa em Energia Espiritual Masculina e Energia Espiritual Feminina. Estas geram uma terceira energia chamada “Energia Etérica”. A Energia Espiritual Masculina é chamada de Energia Espiritual e a Energia Espiritual Feminina é chamada Energia Mental. As duas se consubstanciam em 4 forças sutis: Eólica. Ígnea, Hídrica, e Telúrica que dão formação aos campos elétricos positivos e magnéticos negativos. Desta bipolaridade das linhas de força surgem os processos de imantação (+) e desagregação (-).
O pólo positivo é afeto aos Orixás e o polo negativo é afeto a Exu.
Como é Exu quem manipula estas forças, ele é o Senhor do Axé, que é Força que faz realizar. Por isso o Axé é o Princípio de Realização e Restituição de Forças.
Assim, o Axé ou Poder da Substância Etérica se divide, se multiplica, diminui e se esvai. Por isto precisa ser reposto.
Vejamos o que dizem alguns Sacerdotes Umbandistas:
“... Existia o NADA, o Senhor desse NADA era a COROA DIVINA que também era o Senhor do Tudo. Era um TUDO e um NADA relativos, pois quando se extinguir o Universo Astral, continuará existindo o TUDO, em potencial. É uma potencialização”. (Exu o Grande Arcano - de F. Rivas Neto).
“A Eternidade dormia seu sono latente repousando sobre o NADA que era TUDO, porque TUDO e NADA coexistiam na Eternidade, sem distinção, e formando uma única, eterna e Incriada Potência”.
A Força não atuava, o Movimento estava parado e o Tempo não era. Mas a Potência existia e o equilíbrio era perfeito “. (Narrativa teogônica do Caboclo Tupinambá no livro Umbanda - 1º Grau de Iniciação - Brasão de Freitas, e constante do Centro de Pesquisas do Templo Guaracy)”.
“Nas noites das noites quando tudo era escuro, quando tudo era betume, eis que, do Reino do Nada, vai surgir o Senhor da Encruzilhada”.
Se é do NADA que Ele veio, e não existia o que era de cima e o que era de baixo, mas no momento em que Exu chega, há limites, há o que é de Cima, há o que é de Baixo. Se há o que é de Cima e o que é de Baixo, é preciso que se entenda que aqueles que estavam bem em cima (Orixás Virginais, Orixás Causais e Orixás Refletores), por algum motivo qualquer ordenassem o FIAT LUX, num átimo que ecoa pelo Universo.
Da Luz Imaterial surgiu a Luz Material ou a Luz Astral que foi coordenada pelos Senhores que vocês conhecem como Orixás Virginais. Estes Orixás estenderam seu agô a determinados Espíritos que se comprometeram a preparar outros, para que fossem os primeiros, os primogênitos, os Senhores Coordenadores dessa Luz Astral, que até então não existia, e se existia não era manifestada, era “coagulada”. (Palavras de Exu Sr... no livro Exu O Grande Arcano - de F. Rivas Neto).
“... na Natureza há toda uma hierarquia que rege a evolução das criaturas...”.
São divindades naturais responsáveis pela ordem das muitas evoluções que, lado a lado com a humana, neste planeta se processam. E como não podia deixar de ser, todas as criaturas possuem dois aspectos: positivo e negativo. Assim, as divindades regem pontos de força cujas energias são de dupla polaridade. Por isso cada ponto de força tem seu lado positivo e seu lado negativo. No positivo, a luz é constante, mas no lado negativo, constante é a escuridão “(O Guardião das Sete Portas - Rubens Sarraceni)”.
Analisando estes pensamentos podemos observar que pessoas diferentes, em lugares diferentes, em momentos diferentes e sem se conhecerem, publicaram ensinamentos de Entidades que, de forma diferente, falam exatamente a mesma coisa.
Quem sabe, um dia muitas pessoas também falarão a mesma língua...e os povos, hoje antagônicos, voltem a ser irmãos, pois foi assim que foram criados pelo mesmo e Único Pai que criou todo o Universo.

Como diz o OGBE MEJI: “Orunmilá diz que as coisas devem ser feitas pouco a pouco: Eu digo; é pedaço por pedaço que se come a cabeça do preá; é pedaço por pedaço que se come a cabeça do peixe.”