sábado, 12 de abril de 2014

Item 7 – OS RITUAIS NA UMBANDA – 11 – Feitura de 1 a 6

RITUAL E CAMARINHAS
Por: Brasão de Freitas

RITUAL DE FEITURA DE SANTO (Primeiro ao sexto ano)


Camarinha de Santo, 1º ao 6º ano

(umbandanatureza.com.br & orixás.blogspot.com)

A Feitura de Santo
Os rituais de Feitura de Santo têm início no quarto Sacramento da Umbanda. Os assentamentos seguem a ordem inversa da Hierarquia Cósmica, isto é, de baixo para cima. Assim, o primeiro Santo a ser assentado é aquele que está, na hierarquia espiritual, mais próximo do ser encarnado. Algumas vezes principalmente em se tratando de médiuns, em virtude da enorme “carência” do médium no seu desenvolvimento sacerdotal (O sacerdócio é missão encarnatória assumida pela pessoa), o Comando Espiritual (O Guia) indica para assentamento, a vibração do Santo que estiver mais próxima do médium naquele momento (Olori, Elemi ou Eleorum).
Fundamento Místico é a Iniciação ao Clero, ao sacerdócio sacrificial. O início, a volta, o retorno à casa do Pai. A luta contra o ego. A busca pelas origens espirituais. A luta pela justiça, O arranque, o Tempo. Renegar o passado turbulento e inglório, renegar os erros para iniciar um novo caminho.
Buscar o Santo é lembrar-se de novo do Pai. É arrepender-se de um dia ter saído da casa do Pai em busca dos prazeres da vida densa, confessar seu erro a si mesmo e tomar a decisão de voltar. ELE quer dizer Pai, BORI quer dizer assentamento.
O Elebori é constituído por seis assentamentos de Santo do médium. O primeiro começa com o assentamento do Primeiro Santo e assim sucessivamente até o assentamento do sexto santo (Quando isto é possível. Caso contrário os assentamentos faltantes serão assentados no Juntó de Oxalá). É preciso também lembrar que o Orixá é um Espírito Puro e, portanto, um Par Vibratório. Desta forma, quando o Pai ou Mãe de Santo assenta um Orixá, mesmo que o Filho de Santo ou Iaô não saiba no momento, é possível que o Par esteja sendo assentado naquele instante. Desta forma, seriam dois Santos assentados ao mesmo tempo. Tudo depende das Ordens da Entidade Chefe do Terreiro que comanda todo o Processo Iniciático dos Filhos da “Casa”.
Segundo a mística umbandista, a Vibração original deste ritual vem do Par Vibratório Ogumi/Obá, de um ponto cósmico chamado Humaitá, sobre a proteção de um Arcanjo chamado Samuel, que confirma o poder espiritual do padrinho espiritual e também do material na ausência dos pais materiais.

O Ritual (Síntese)
A Cerimônia básica desta Camarinha consiste em: Preparação que envolve desde o assentamento do Templo, a limpeza material e espiritual do Templo, escolha de sambas e demais ajudantes, organização e conferência de todos os materiais ritualísticos, chegada e apresentação dos Iaôs, integração do barco: Abertura, início com harmonização com a Banda da Esquerda (Gira e oferendas); a Realização Cerimonial, que constitui a desvirada de Banda, assepsia; renascimento e Eledá, as rezas e levantamento do Bori de Caboclo; pontos sonoros, preparação dos materiais das oferendas dos Orixás, cânticos e xirês; submissão, entrega das oferendas; Confirmação da Camarinha pelo Guia Chefe do Templo; Encerramento, Muzenza.

Doar-se, uma prova de amor incondicional em todas as Camarinhas. Esta é uma parte que se repete em todas as Camarinhas mas pouco é vista e poço reconhecida. Por isso a estamos ressaltando como parte integrante do Ritual. Mas, dentro dos fundamentos da Umbanda, no capítulo amor fraterno, onde está a diferença entre Sambas, Cambonos, auxiliares e Iaôs?
Significado dos materiais usados: As Vestes simbolizam a mudança de atitude. Um novo caminho ou o novo compromisso, uma nova vida a caminho da regeneração e da evolução em busca de suas origens espirituais. A Quartinha que representa o corpo material e a energia espiritual do neófito ou iaô, e o local onde são assentados os axés que ligam a vida encarnada com o mundo espiritual. A Oferenda (De acordo com o Santo a ser assentado) representa o material vibratório afim com a vibração que será assentada. Ela funciona como o alimento (semelhante ao óvulo) que dá provimento ou ação para a ligação entre o ser (semelhante ao espermatozóide ativado) e suas origens espirituais que se manifestam ao formarem contato com as vibrações contidas nas oferendas (alimentos, por isto chamadas de “comida de Santo”). A Pedra serve de ímã e receptáculo das vibrações atraídas para a cerimônia. O Anel que representa a aliança firmada entre o ser encarnado e a nova vida que escolheu para seguir, deixando para trás os erros, decepções, tristezas, mágoas, raivas, ódio, inveja e demais predicados negativos que afastavam o ser do caminho da redenção. A Firma que indicará ao médium suas novas obrigações, e aos que para ele olharem, a indicação de seu grau de compromisso com a verdade e com o Divino. A Água Doce o elemento que funcionará como condutor das energias assentadas nos axés do médium, como elemento de assepsia espiritual, e como adoçante da vida. A Vela que representa a Luz espiritual e o elemento sutil de ligação entre o mundo visível e o invisível, entre o profano e o sagrado.

Este ritual se repete a cada ano no assentamento dos demais Orixás da pessoa ou para levantamento dos Orixás já assentados até completar 7 anos, quando então será assentado o Juntó de Oxalá.



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