sábado, 9 de novembro de 2013

Item 10 – OS ELEBARAS NA UMBANDA (Parte 3)

QUIMBANDA (EXU/POMBAGIRA)
(AXIRÔS/ELEBARAS)
Por: Brasão de Freitas
Parte 3 – O PODER DO PRETO E DO VERMELHO


O Filho Pródigo bi partido ao cair nas Trevas

O PODER DO PRETO E DO VERMELHO
O fundamento primordial da Criação do Universo é que, no Primeiro Instante da Criação, Olorun criou a LUZ as TREVAS e o ESPAÇO VAZIO. O Espaço Vazio e Neutro era extremamente fundamental para que pudessem existir ou se manifestarem tanto a Luz como as Trevas. A LUZ era formada pelos Espíritos, seres que Deus criava à Sua Imagem e Semelhança e que eram a Sua grande paixão pois a eles deu o direito de uso do maior poder que Ele mesmo possui: CRIAR A VIDA, outro ser cheio de vida, como Ele nos criou (Todos nós temos a capacidade de gerar filhos vivos). As TREVAS foram criadas para servirem de pano de fundo para que a Luz pudesse ser vista, se manifestasse. E assim foram criadas as cores Branca e Preta.
Entretanto, quando se está na escuridão, a Luz Forte cega. Nossos olhos só conseguem ver inicialmente a refração Vermelha da Luz, pois é a que possui o maior comprimento de onda vibratória, Depois a vista vai se acostumando com as outras refrações (amarelo, azul, verde, laranja, lilás ou roxo e todas as refrações juntas geram o branco). Isto significa que a tonalidade ou cor vermelha na escuridão significa Luz. Desta forma, de maneira bem simplista, vermelho é Luz e preto é Trevas.
Por viver nas Trevas, Elebara foi consagrado como o portador das forças do Vermelho e do Preto, do sangue que leva à morte e da escuridão que conduz ao terror e à loucura. Por isso seu culto mostra-se rico em sacrifícios animais, com o envolvimento do sangue misturado ao misticismo das trevas que dominam as forças desconhecidas, tornando possível a manifestação da potência em ato, fazendo do Elebara o senhor dos limites, e seu momento mais próprio a fronteira entre o dia e a noite, ou seja, a meia-noite.
Segundo a Ciência, a cor PRETA na realidade não é bem uma cor, mas sim a AUSÊNCIA de cor ou de LUZ. De forma quase metafísica o significado da cor preta a coloca com a aparência tenebrosa da grande boca de um monstro que engole tudo, pois a cor preta, como o monstro, absorve todas as cores e não reflete nenhuma delas, por isto tudo parece escuro, tudo desaparece. Da mesma forma agem os Buracos Negros nos confins do Cosmos, engolindo todas as estrelas e corpos que passam pela sua área de atração gravitacional.
Mas a cor PRETA envolta no mistério do desconhecido (aquilo que não se vê é mistério, portanto a escuridão é mistério) na verdade é escura porque não reflete as cores que absorveu e que, portanto estão teoricamente dentro dela. Por isto é complicado dizer que não existe luz na escuridão. Por isto ela tem uma conotação metafísica.
Para nós, seres humanos, a cor Preta lembra muito as TREVAS a quem nós damos, na maioria das vezes, o sentido espiritual de o lócus do MAL, considerado com algo que não nos faz bem, principalmente porque não podemos ver, o que provoca em nós o sentimento do medo, do pavor.
Mas, ao compreendermos o real significado místico de ambas as cores, nos enchemos de sabedoria e podemos então vencer o medo.
Gostaríamos de conjectuar nesse momento que, se formos absorvidos pela cor negra, é bem possível, que ao ultrapassá-la encontremos novamente a Luz, já que ambas, Luz e Trevas, foram criadas por Deus, opostas em vibração mas iguais em poder, que só é inferior ao próprio poder de Deus.

Elebaras
Depois daquilo que foi dito anteriormente, podemos dizer sem causar nenhum espanto ou surpresa, que os Elebaras são reflexos invertidos dos Orixás Kármicos. Elebara significa literalmente Senhor do Corpo. Como entende-se por senhor um Ente Inteligente (espírito), então o Elebara é um reflexo materializado do Orixá Ancestral, por isso assumido por um Espírito que esteja vivendo nas trevas (Ex. Tranca Ruas).
Sabemos que, pela Criação, de um lado Deus colocou a Luz (à direita) e de outro colocou as Trevas (à esquerda). Na fronteira entre as duas surgiu o Universo Astral. Entretanto, por se tratarem de vibrações, ambas se encontram numa fronteira fictícia e se interpenetram formando duas regiões de “Penumbras”: a penumbra da luz nas trevas (quando a luz penetra nas trevas até perder completamente seu poder vibratório), e a penumbra das trevas na luz (quando as trevas penetram na luz até perder completamente seu poder vibratório). Esta região de fronteira formada pelas duas regiões de penumbras é o Universo Astral onde habitam os “Espíritos caídos”, uns menos atingidos pela massa caótica ficam do lado da penumbra mais próxima da Luz (ou penumbra das Trevas na Luz), que são os Guias, e Protetores; outros mais atingidos pela massa caótica que ficam do lado da penumbra mais próxima das Trevas (ou penumbra da Luz nas Trevas) que são os Exus e Pombagiras.
Na Hierarquia Cósmica, todos os espíritos “caídos” passam pelas regiões de “Penumbra”, de um lado ou de outro, entretanto, por serem Espíritos e pertencerem energeticamente e vibratoriamente ao lado da Luz, para lá terão que voltar atraídos pela força da própria Luz. TODOS VOLTARÃO UM DIA. Uns mais cedo outros mais tarde, mas todos voltarão para que o Universo retome novamente seu equilíbrio primordial.
Portanto cuidado no seu tratamento para com os Elebaras. Com toda certeza, antes de sua atual evolução, você já foi um deles...
Portanto fica claro que o mundo dos Elebaras é um mundo que serve para o nosso processo kármico de redenção.
Eles só existem porque nós existimos. Assim, suas existências estão estritamente ligadas à nossa evolução final.

Como diz o OGBE MEJI: “Orunmilá diz que as coisas devem ser feitas pouco a pouco: Eu digo; é pedaço por pedaço que se come a cabeça do preá; é pedaço por pedaço que se come a cabeça do peixe.”
  

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