sábado, 23 de fevereiro de 2013

Item 4 – ORIXÁS: ODUDUA 2


ORIXÁS II
PERFIL DE ODUDUA 2
VISÃO DO GRUPO POPULAR

Odudua (Ilustração adaptada)
(Adaptação na ilustração de G. Reis – Capa Revista Destino)

PERFIL GERAL DE ODUDUA - O PODER DA TERRA
A Terra, no sentido místico da Criação, representa o Mundo Material, sede dos espíritos “caídos”. (Entenda-se aqui como espíritos caídos, todos aqueles que descerem ao mundo da Forma).
Enquanto o Céu é a estabilidade da matéria-prima do Universo Criado, a Terra é o eterno poder dos sentidos que transmitem através do psiquismo as informações do meio afim de que o espírito tome ciência e interaja.
A terra é a matéria-prima diferenciada.
Enquanto Oxalá criou o céu, isto é, deu forma ao espírito, Odudua criou a terra, preparada para receber o espírito.
Enquanto Oxalá é o Senhor do sol, sem ser o sol, Odudua é o Senhor da terra, sem ser a Terra. Ambos são Senhores da Criação, um dependendo do outro.
A terra é, pois a ordenação do mundo material e suas leis regulativas.
É o eterno construir para destruir, para construir de novo. É o fluxo e o refluxo da vida. É a eterna vontade do movimento sensitivo ou psiquismo que existe em todas a coisas.
A terra são reinos inferiores da Natureza (mineral, vegetal, animal) atuando harmonicamente com os quatro elementos (fogo, terra, água, ar), que formam a estrutura de tudo o que existe no Universo.
Odudua é o Poder contido nas coisas do Universo Material. É o sentido passivo do Poder Espiritual; os limites do universo individual e total.

PERFIL POPULAR
Odudua não é muito cultuado na Corrente Popular da Umbanda. Para ser mais exato, temos conhecimento de que um determinado templo umbandista de São Paulo promove uma espécie de “curso” sobre o Orixá Odudua. Trata-se do Templo Guaracy do Brasil.
Na realidade este curso é uma espécie de “vivência” que os participantes fazem nos campos sagrados sobre os quatro elementos da Natureza (fogo, terra, ar e água), sendo considerado no curso, que Odudua é na realidade a manifestação dos 4 elementos que compõem todas as coisas criadas por Odudua. Este conceito abre espaço para todos que desejarem buscar ou divulgar conhecimentos sobre este tão importante Orixá, na maioria das vezes confundido com Oxalá (V. Dinâmica de Odudua por Carlos Buby).
Apesar de nossos humildes conhecimentos, podemos, entretanto afirmar que o contexto com os elementos da natureza aproxima o ser encarnado (Obra de Oxalá) da vibração de Odudua mesmo considerando que os elementos são 7 e não apenas 4.
Para a Corrente Popular, Odudua representa o Princípio Revelado ou mundo exterior. Assim como Oxalá é a Formação no Princípio Criador, Odudua é a Produção, o universo ou mundo sensível, onde nos movemos, nascemos e morremos. A este mundo pertence nosso corpo com a vida celular. É o mundo da matéria densa, da matéria-prima diferenciada.
Apesar de sua estrita ligação com a criação do Universo, Odudua, na realidade, acaba sendo desconhecida para a grande maioria. Talvez, o fato de não ter sido outrora sincretizada com algum santo católico, fez com que fosse esquecida e não cultuada. Mesmo no Candomblé são poucas as informações sobre Odudua.
Na verdade, os umbandistas não sabem para que finalidade devem invocar este Orixá. Não sabem sua atuação nem qual a sua utilidade no dia-a-dia da vida.
Com referência à magia, Odudua é imprescindível por ser o Orixá criador do Axé.
Axés são forças mágicas vibratórias cujos elementos são possuidores de energias que tem poder para realizar e transformar qualquer coisa. Assim o axé é detentor de poder vibracional vital. Por isso é o combustível da vida. Na verdade, a vida só sobrevive se for alimentada com axé. É por isso que todos os elementos da natureza têm axé.
O Axé, criação de Odudua, esta disperso na natureza. Toda a matéria corpórea foi criada como uma doação da natureza, do universo como um todo. Este poder é dinamizado pelos Elementos da Natureza, o fogo, a terra, a água e o ar no Mundo Físico, sutilizado pela 5ª essência no Universo Astral e sublimado no Universo Mental pelo poder espiritual.
O Axé se espalha pelos Reinos da Natureza e por isso, os Reinos são detentores ou produtores de forças mágicas vibracionais (Poder Vibracional Vital) que alimenta a vida. Este axé tem três qualidades:
Branco: Poder Gerador, fecundante, vital (Ativo)
Vermelho: Poder Genitor, potencial procriador (Passivo)
Preto: Poder Transformador, filtros (Neutro)

Estas qualidades atuam nos três reinos inferiores:
Reino Mineral: organização atômica, celular
Reino Vegetal: sentimento, sensibilidade
Reino Animal: Instinto
Junte a este perfil, as características gerais de Odudua já mostradas anteriormente e terá uma projeção de comportamento dos filhos deste Orixá.

DADOS RITUALÍSTICOS
          Cor: Branco
          Número: 1
          Metal: Ouro e Ouro Branco
          Elemento: Criação, energia produtiva
          Domínio: O poder da terra
          Colares: miçangas brancas
          Apetrechos: Espada, Globo Terrestre
          Assentamento: Otá de cristais
          Dia Consagrado: Domingo
          Saudação: Exê Babá
          Toque: Bravum e Igexá
          Vestimenta Ritualística: Não tem
          Flor Sagrada: Maracujá

OBSERVAÇÃO:
CRÉDITO Figura de Odudua: Adaptação à Ilustração belíssima de G. Reis, capa da revista Destino. A Ilustração original mostra uma figura emblemática que aparentemente recebe influxos vibratórios do Zodíaco (Cosmos). Esta retratação é tudo o que os Yorubás atribuem como poder ao Orixá Odudua. Daí a nossa escolha para a adaptação (Foi colocada imagem da Terra sobre um escudo originalmente sustentado pela figura imponente da mulher que mais parece uma deusa do Olimpo. Fizemos a adaptação pela dificuldade que tivemos para encontrar imagens de Odudua, já que este Orixá quase não é cultuado e já está no esquecimento, embora seja de uma importância capital para os umbandistas.), já que não encontramos imagens deste Orixá aparentemente esquecido.


sábado, 16 de fevereiro de 2013

(Item 3) – CULTURA UMBANDISTA - O DESTINO


3 – VIDA RELIGIOSA (6 de 10)
VIDA RELIGIOSA Parte 6 – ODU, O Destino.

O destino não está escrito nas estrelas. Você escolhe.
(negodito.com, peabirita.blogspot.com)

Esclarecimentos do Odu

Kárma Constituído (Par)
- O retorno à casa do Pai. O arrependimento e a volta, o reencontro, a comunhão, o JUNTÓ.
- Vivenciar as 7 Linhas nas encarnações.
- As encarnações são provisórias, nunca uma só encarnação será suficiente. Ninguém vivencia cem por cento numa encarnação.
- Uso do Livre Arbítrio na encarnação (o poder de escolher).
-Vivências incompletas no período encarnatório por força do Livre Arbítrio, provocam novas encarnações.
- A dívida kármica contraída em cada encarnação, terá que ser cumprida em outras encarnações.
- O kárma determina a Personalidade do “Eu”.

Destino de cada Ser (seres diferentes)
- Odu significa Destino. Saber escolher como viver e vivenciar os Orixás; se para viver temos que vivenciar Orixás, conclui-se que Destino é Orixá ou caminho de Orixá.
- O Destino é a escolha do caminho a seguir através do uso do Livre Arbítrio (a ciência do bem e o mal).
- A busca do Par pela esperimentação. A vivência com a polaridade oposta.
- A interferência na vida de outras pessoas atrapalhando a vivência de seus kármas ou alterando seus Destinos, provoca dívidas encarnatórias que terão que ser cumpridas obrigatoriamente em outras encarnações.
- A procriação como dever encarnatório é diferente do sexo como prazer (divertimento).
- O Destino determina a Índole do “Eu”.

Como já sabemos, alguns espíritos (inclusive nós) abalados pela vibração da Substância Etérica, se fracionaram (se separaram, já que formavam um Par) e foram envolvidos pelo Reino da Matéria Densa, caótica. Para que pudessem se livrar desta energia e voltar ao Reino Espiritual, foi estabelecido um Procedimento ou um Ritual que todos deveriam cumprir igualmente para poder voltar a suas origens primordiais. No Procedimento foi incluída a ordenação da Substância Etérica indiferenciada para permitir o cumprimento daquele Procedimento que se chamou de Kárma Constituído, assim chamado porque foi adquirido em função da descida ao Universo Astral diferente, pois do Kárma Causal que é referente à nossa criação e aperfeiçoamento no Universo Espiritual ou Reino Virginal.
Este Kárma Constituído é, pois obrigatório para todos os Espíritos “caídos” (inclusive nós), e por isto todos nós temos que cumpri-lo. Ele se constitui da vivencia dos predicados vibratórios dos Pares Vibratórios que formam a Coroa Divina, isto é, dos Sete Orixás que falam diretamente com a Divindade Suprema. Somente cumprindo esta exigência poderemos voltar à casa do Pai. A vivencia destas vibrações acontece em encarnações provisórias. Durante o período encarnatório, é o nosso Livre Arbítrio que determina, que escolhe a maneira de vivenciar, ou o caminho a percorrer. É isto que nos diferencia nas encarnações. Escolher o caminho do bem ou do mal é feito por nós mesmos.
As vivências incompletas que fizermos no período de cada Vibração que determina nossa encarnação, por força do uso do Livre Arbítrio, provocarão novas encarnações para cumprir o que faltar até que se cumpra cem por cento da Vibração. A dívida kármica contraída em cada encarnação terá que ser cumprida em outra e, portanto, acrescentada ao Kárma Constituído.
O Kárma Constituído, pelo que representa para a evolução espiritual, determina a Personalidade do “Eu”.
O advento do Livre Arbítrio deu ao Espírito encarnado o poder de escolher o seu próprio caminho para cumprir seu Kárma. Os caminhos do Kárma são as maneiras como as vivências serão cumpridas. Como as vivências são os predicados dos Orixás, então os caminhos são os Orixás. Este poder de escolha se constitui naquilo que chamamos de Destino. Assim sendo, Destino significa caminho dos Orixás. Em Yorubá, o Destino é conhecido com ODU. Podemos então dizer que Odu é Orixá. Quando dizemos que um Odu está gritando na vida de uma pessoa significa que o caminho que está percorrendo é a Tonica vibratória de um Orixá.
A parte mais importante do Kárma é, através do Destino a busca do Par Vibratório pela experiência, ou seja, a vivência com a polaridade oposta. Entretanto, a interferência no destino dos outros por força do nosso Arbítrio provoca dívidas que serão cobradas nesta ou em outras encarnações. Nesta tentativa de vivência a dois, a procriação faz parte do procedimento encarnatório, pois é através dela que outros Espíritos terão sua oportunidade de encarnação (inclusive nossas futuras encarnações. Portanto, se não procriarmos não geraremos corpos para outros espíritos e assim, quando tivermos que encarnar novamente poderemos não encontrar corpos suficientes para nossa nova encarnação.). Por isto dizemos: o sexo deve ser feito como dever e não apenas como prazer. A procriação pelo dever dá oportunidade a encarnação de outros espíritos que, ao evoluírem aumentam a energia vibratória do par correspondente de sua origem vibratória fazendo com que o par seja “arrastado” de volta ao local de onde veio originariamente.
A liberdade de escolha dos caminhos nos mostra que o Destino que cada um traça para si mesmo determina a Índole do “Eu”.
Continua (7 de 10).


sábado, 9 de fevereiro de 2013

Item 2 - CULTURA UMBANDISTA – Os 7 Sacramentos 6



OS SETE SACRAMENTOS DA UMBANDA
Parte VI

Mestrado (21 anos)
(Carlos Martinez)

6 - ERÓ OXÔ (O segredo do Poder) (O Sacerdócio) - O Mestrado – (21 Anos).
Filho. Agora que tens o anel e as vestes, eu te dou a pedra, o colar, a espada, o alá e os cauris. Junto com eles sopro no teu ouvido o Eró Oxô, para que possas ser o Mestre dos teus filhos.

      Par Vibratório (Orixá) Regente = Xangô/Yansã.
      Aruanda = Djacutá.
      Arcanjo Tutor = Mikael.
      Sincretismo com a Igreja Católica = Sacerdócio.

Fundamento Místico: Encarnação Missionária. É a vontade e a necessidade de ajudar o próximo que estão acima de qualquer vaidade ou interesse em projeção pessoal, riqueza ou bem material oriundo da prática religiosa ritualisticamente sagrada. Por natureza encarnatória estão sempre em posição de comando vibratório de forma absolutamente natural. Os espíritos encarnados nestas condições são possuidores de muitos conhecimentos magísticos aprendidos nos processos iniciáticos fechados ou mesmo recebidos de Entidades de altíssima Luz em diversos momentos de suas vidas. Como diz acertadamente Mestre Rivas Neto, “A sua conduta (A dos missionários encarnados) não difere dos demais (demais seres encarnados). Às vezes até poderia ser diferente, mas para evitar o endeusamento e a figura extrema e prejudicial do mito, agem iguais aos demais. Têm os mesmos desejos, têm os mesmos anseios, os mesmos obstáculos, as doenças algumas vezes os incomodam, têm dissabores, como também seus próprios desencontros afetivos e emotivos.” Mas é exatamente aí que reside o grande poder destes missionários: eles sabem sair destas situações difíceis utilizando os seus conhecimentos e sabedoria adquirida em 21 anos de Santo Assentado, servindo até de cobaias para as descobertas mais recentes que visam ajudar o ser humano a vencer seus sofrimentos diários. Em resumo, aos 21 anos de Santo o médium recebe o Erô Exô, que significa “Os Segredos do Poder”, profanamente chamado de Eroxô, e também recebe o Owô Awô, que significa “a Mão do Sagrado”, não apenas referindo-se ao processo de Adivinhação, mas também ao Poder de por a mão na cabeça de alguém como pai, dirigir um Templo e preparar seus “assentamentos de defesa” e abrir os “Portais para o Céu”.
O domínio do Poder. O conhecimento do Poder.

OBÉ TI O MU KI GBE KUKU ARA RE.
Por mais afiada que seja a faca, ela não pode riscar seu próprio cabo.
(Por isto, a faca tem Poder para quem a empunha).

Aos 21 anos de Santo, o médium chega ao mestrado, pois é conhecedor dos segredos da natureza e recebe o Poder da Vida e da Morte, simbolizado pelo poder do Obé ou faca. Possuir a Mão de Faca (Olobe) é possuir o poder sobre a vida e a morte e sobre a Existência. Sobre a Existência porque o uso da faca e do punhal envolve a manipulação química e física dos elementos da natureza, átomos, partículas e ondas vibratórias.
Só um Mestre tem condições de manipular tanto Poder sem ser envolvido pelo fascínio que o Poder provoca em quem o experimenta. O Poder é para os fortes e sábios e não para os fracos e ignorantes. Uma faca na mão de um sábio pode dividir uma partilha acabando com disputas que levem à desordem e à guerra; a mesma faca na mão de um ignorante pode provocar uma guerra e levar à morte, ou pela ignorância ou pela covardia de eliminar seu oponente.
Todo o conhecimento vivido ainda será pouco para o Mestrado Sacerdotal.
Mestre é aquele que sabe ouvir. Aquele que cala e deixa o outro falar para que ele possa aprender.
A faca tem dois lados, assim como a face...

Significado dos materiais usados: Os materiais usados neste ritual são iguais aos demais materiais usados nos rituais anteriores e já descritos. A grande diferença está no Ritual já que o mesmo se processa de forma ordenada crescentemente, partindo da energia densa, material, e crescendo até atingir a mais sutil das energias, Neste processo ritualístico o médium faz a conexão e a transformação dos materiais numa verdadeira alquimia transcendental atingindo conhecimentos que muitas vezes ele achava que já sabia e, no entanto descobre agora que ele apenas os usava dogmaticamente sem conhecer seus verdadeiros e profundos conhecimentos guardados com muito zelo e cuidado para não cair em mãos erradas. Muitas vezes é muito mais seguro deixar-se que um médium execute algum ato magístico de forma ritualisticamente dogmática, porque o ritual conduzirá o ato magístico ao lugar correto, mas preservar o fundamento espiritual para o momento em que o médium esteja em condições morais e espirituais de aprendê-los, sem riscos da descambada para o mal. O único material que podemos falar é do colar, pois é o único objeto que diferencia o grau do médium distinguindo-o assim dos demais, porém indicando também o seu compromisso maior e sua obrigação de ser mais tolerante.


sábado, 2 de fevereiro de 2013

Item 5 – ASSUNTOS DIVERSOS – Odudua


ODUDUA, A QUADRATURA DA TERRA
Por Brasão de Freitas
Salve 02 de Fevereiro
Odudua
(Adapt. Ilustr. G. Reis)

A Cabala umbandista se baseia em cinco sinais geométricos básicos. Estes cinco sinais básicos são: o PONTO como unidade geométrica associado ao Número 1. A LINHA delimitada precisa de no mínimo dois pontos que, unidos lhe dão origem, e por esta razão, fica associada ao Número 2. O ÂNGULO, delineado por três pontos não co-lineares, é associado ao Número 3. O QUADRADO é delineado pela união de dois ângulos ou 4 pontos, dois a dois não co-lineares, ou seja, duas linhas não coincidentes mas paralelas; ele está pois relacionado com o Número 4.
Estes 4 sinais são relacionados com os 4 Pilares do conhecimento humano, com os 4 elementos da natureza (Fogo, Terra, Água e Ar), com os 4 pontos cardeais da Terra, com o Tetragrama Sagrado dos Cristãos (A Cruz) e o Tetragrama de Moises (Iod, Hê, Vô, Hê).
A Terra não é quadrada mas é formada por 4 Elementos radicais da Natureza que a representam como um quadrado, símbolo fechado em relação ao infinito, ou por uma cruz que é um símbolo aberto em relação ao infinito. Os quatro valores numéricos somados entre si, formam uma síntese: 1+2+3+4 = 10. O número 10 representa o máximo da década. O 10 encera em si todos os outros números e representa o CIRCULO que encerra geometricamente em si, os quatro sinais geométricos e os quatro números associados aos sinais que deram origem à síntese, isto é, 4 números somados dão origem ao dez, símbolo do Círculo: ou, a Quadratura do Círculo.

Segundo o Mito Yorubá, Olorun o Deus Supremo, criou Obatalá (O Criador), Olokun (O Mar) Odudua (A Terra) e Orumilá (O Tempo). Deu a Obatalá a sacola com o pó mágico da Criação e incumbi-o de Criar o Mundo. Obatalá (Também chamado de Orixalá) adormeceu (Distraiu-se) e Odudua aproveitou a distração, pegou a sacola da criação e começou a criar o mundo. Quando Orixalá acordou enfureceu-se contra Odudua mas Olorun o conteve e ordenou que ele criasse o ser humano e o colocasse no mundo para dominar o universo criado. Com a ajuda de Olokun (o Mar) e Orumilá (o Tempo), o Universo foi organizado e a saga dos seres humanos começou no universo. Desde então, Odudua tornou-se a genitora da Terra e Obatalá o gerador dos Espíritos. A união se daria no Mar (De Olokun que criou Yemanjá para que fosse o útero da criação) sob os auspícios do Tempo (Orumilá que criou Obá para controlar o tempo co-eterno, ordenado).
Nesta Criação conjunta, Odudua é a Igbamole Iyangba, a Mãe que recebe, que representa o coletivo das Iya-mi ou Mães Ancestrais e Yemanjá o Poder Genitor feminino que tudo gesta. Mas foi Odudua que foi associada à metade inferior da Igbá-Odú (mãe dos elementos materiais), portanto à cor Preta (Símbolo da matéria indiferenciada) e à Terra, a Água, o Fogo e o Ar (Símbolos da matéria diferenciada), enquanto Yemanjá foi associada ao surgimento do ser humano.
O Céu (De Orixalá) e a Terra (De Odudua) representam, juntos, a manifestação da vida no Universo Astral.
Por isso, Odudua representa a Mãe Terra em oposição ao Céu, que é domínio de Oxalá.
Em alguns Candomblés e na Umbanda, Odudua é parte integrante da dualidade masculino/feminino original que estabeleceu a Terra.
Ainda segundo os Candomblés, é do eterno contato entre Oxalá e Odudua que surge o seu produto genérico: o axé universal ou a constante força de renovação e manutenção da vida.
Fica definitivamente esclarecido que, nos cultos africanos, Oxalá e Odudua estão diretamente ligados à criação: Oxalá o céu (espírito) e Odudua a terra (o mundo no qual viverão os espíritos).
Enquanto Oxalá criou o céu, isto é, deu forma ao espírito, Odudua criou a terra, preparada para receber o espírito.
A Terra (Domínio de Odudua), no sentido místico da Criação, representa o Mundo Material, sede dos espíritos “caídos”. (Entenda-se aqui como espíritos caídos, todos aqueles que descerem ao mundo da Forma, inclusive nós), enquanto o Céu representa a estabilidade da matéria-prima do Universo Criado; a Terra é o eterno poder dos sentidos que transmitem através do psiquismo as informações do meio ambiente afim de que o espírito tome ciência e interaja com o meio ambiente.
Enquanto Oxalá é o Senhor do sol, sem ser o Sol, Odudua é a Senhora da terra, sem ser a Terra. Ambos são Senhores da Criação, um dependendo do outro.
A Terra é, pois a ordenação do mundo material e suas leis regulativas.
A Terra é constituída dos reinos inferiores da Natureza (mineral, vegetal, animal) atuando harmonicamente com os quatro elementos (fogo, terra, água, ar), que formam a estrutura de tudo o que existe no Universo (A terra simboliza o universo).
Odudua é o Poder contido nas coisas do Universo Material. É o sentido passivo do Poder Espiritual; os limites do universo individual e total.
Para o Grupo Popular, Odudua representa o Princípio Revelado ou mundo exterior. Assim como Oxalá é a Formação no Princípio Criador, Odudua é a Produção, o universo ou mundo sensível, onde nos movemos, nascemos e morremos. A este mundo pertence nosso corpo com a vida celular. É o mundo da matéria densa, da matéria-prima diferenciada.
Odudua é mãe da terra, é mãe do ar, é mãe do fogo, é mãe do mar, é mãe dos filhos aqui da Terra, é Luz que brilha em todos os Congás.

CRÉDITO Figura de Odudua: Adaptação à Ilustração belíssima de G. Reis, capa da revista Destino. A Ilustração original mostra uma figura emblemática que aparentemente recebe influxos vibratórios do Zodíaco (Cosmos). Esta retratação é tudo o que os Yorubás atribuem como poder ao Orixá Odudua. Daí a nossa escolha para a adaptação (Foi colocada imagem da Terra sobre um escudo originalmente sustentado pela figura imponente da mulher que mais parece uma deusa do Olimpo. Fizemos a adaptação pela dificuldade que tivemos para encontrar imagens de Odudua, já que este Orixá quase não é cultuado e já está no esquecimento, embora seja de uma importância capital para os umbandistas.), já que não encontramos imagens significativas suficientes deste Orixá aparentemente esquecido.


sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Item 1 - INICIAÇÃO NA CULTURA UMBANDISTA - A UMBANDA


INICIAÇÃO NA CULTURA UMBANDISTA
(Assistentes e Principiantes)
Iniciação 6º Tema

Ternário Umbandista – Ser Humano, Espírito incorporado, Orixá manifestado.
(Microsoft media galery, flickr.com, foto Bob-Retina)

Sexto Tema: A UMBANDA.

HISTÓRICO.
Após tomar conhecimento de que existe um caminho diferente da vivencia do dia-a-dia, de que existe algo mais do que ter que se defender, sobreviver num meio hostil, de disputas e lutas pelo poder, de que precisa se entender com as demais pessoas, que precisa respeitá-las para ser respeitado, que precisa ter fortaleza mental, que precisa ser puro em suas convicções, de que precisa ter sabedoria para viver, e que precisa que haja justiça para que todos sejam iguais, o ser humano descobre que existe um outro universo diferente daquele em que ele vive e que ele pode se comunicar com este universo invisível chamado Religião.
O desconhecido, o mistério, o invisível, provocam na criatura humana a ideia do misticismo, isto é, de um Poder ou Potência além da imaginação. Em nome desta Potência Suprema, um número considerável de mitos, de ritos e crenças diversas, deriva do sistema de cultura tradicional.
A extrema necessidade de expressão religiosa ou subjetiva do ser humano e sua busca pelo sagrado fez com que surgissem as Religiões no planeta Terra.
Assim, a Religião tornou-se uma maneira do ser humano religar-se novamente com a Divindade e com tudo que é considerado como sagrado. O ser humano acredita firmemente que é possível a comunicação com o mundo sagrado e, por consequência, acredita na existência de uma porta ou portal abertos para o alto (ou para baixo), por onde a força da Divindade pode descer à Terra e o ser humano pode subir simbolicamente ao céu ou descer aos infernos. Desta forma, o homem pode religar-se com sua origem divina.
A fascinação humana pelo desconhecido, pelo mistério, traz ao homem a necessidade imperiosa de transcender o real e depositar fantasia e temores no Plano Mágico, criando mitos e tornando-se místico. É assim que nascem as Religiões e estas se confundem com a história dos homens.
O ser humano é um religioso nato e isto acontece pelo fato de que ele acredita que a Religião explica os mistérios da vida e da morte.
A Umbanda é uma Religião milenar em seus fundamentos, cósmica em seus preceitos, evolutiva em suas manifestações e brasileira em suas origens. É milenar porque seus fundamentos são os mesmos que presidiam o reencontro com Deus desde o início da raça humana em nosso planeta. É cósmica porque estes fundamentos culminaram com a união preconizada pelo Movimento Umbandista dos quatro pilares do conhecimento humano. Estes quatro pilares são a filosofia, a arte, a ciência e a religião. É evolutiva porque a Evolução é um caminho constante e infinito. Cada verdade nova que descobrimos ou aprendemos, uma nova e mais evoluída verdade surgirá amanhã. É brasileira porque nasceu no Brasil, nas “Terras Brasilis” do início do planeta (a Pangea).
Na Umbanda aprendemos a viver em harmonia com a Natureza, tentando cada vez mais compreendê-la melhor. Assim, a medida em que o ser espiritual vai adquirindo novos conhecimentos no eterno caminho evolutivo, mais vai se aproximando de suas origens espirituais.
Na Umbanda aprendemos a viver em harmonia com a Natureza, tentando cada vez mais compreendê-la melhor.
A Umbanda prega a união, o respeito e o amor sincero dentro da família, porque a família é a base do futuro.
A Umbanda foi, é e será sempre do Bem, e nunca do Mal.

INTERATIVIDADE.
1.Como é que a gente descobre que existe uma coisa chamada Religião? E de onde vem a idéia de Religião?

2.O que o desconhecido, o mistério e o invisível provoca no ser humano?

3.Você pode dizer o que é a Umbanda, e quais são os seus fundamentos?

4.O que é que a Umbanda nos ensina?

NOTA IMPORTANTE
As respostas sobre as perguntas da interatividade serão dadas a quem nos perguntar.

COMPORTAMENTO.
Sendo a Religião o caminho do reencontro com Deus, então todos os caminhos religiosos levam a Deus, portanto, todas as Religiões são locais de reencontro com a Divindade e por isto precisam ser respeitadas.
Devo aprender sobre minha religião para poder mostrar a quem fala mal dela, sem brigar nem discutir, que a Umbanda não é magia negra nem pratica rituais satânicos. Seu trabalho e seus Mentores são espíritos de Luz que nos estendem a mão para ajudar-nos a sair dos caminhos escuros e tortuosos.

APRENDENDO A REZAR.
Quando estamos com a mente e o corpo cansados e não conseguimos raciocinar direito, mas precisamos muito rezar, então é melhor nos valermos de rezas conhecidas, pesar no que elas querem dizer e então entoá-las diversas vezes para que seus poderes alcancem o mais alto possível. O Importante é não deixar de rezar.

CANTAR TAMBÉM É UMA FORMA DE REZAR

Ponto de Yorimá (Obaluaê). Da Corrente dos Pretos Velhos.
Preto Velho senta no toco e faz o sinal da Cruz,
Pede proteção a Zambi para os filhos de Jesus.
Cada conta do seu rosário é um filho que ali está.
Se não fossem os Pretos Velhos eu não sabia caminhar.


OBSERVAÇÃO:
As fotos e figuras usadas neste blog foram copiadas da Web e dado o devido crédito a quem as postou ou ao autor da foto ou obra. Pedimos desculpas aos autores que não conseguimos identificar. Caso os autores desejem ser indicados, teremos a honra de citá-los neste blog, desde que nos comuniquem e comprovem (A comprovação se faz necessária para a devida proteção do verdadeiro autor). Desde já meus agradecimentos e Axé de Zambi para todos nós.